Vejo o céu por uma claraboia
como que por uma janela da alma,
uma fina luz que invade.
Vejo as mudanças do dia,
o sol, a lua e as estrelas
cruzam meu quarto
pairando sobre mim.
E o silêncio aqui dentro
percorre os séculos
e a imensa solidão,
mas a tudo posso ver,
basta olhar com atenção,
por esse buraco no tempo,
na escuridão.
O quarto reflete meu ânimo,
variando diariamente
conforme sopra o vento.
Mas dos dias não sei,
só vejo notícias
que atravessam o tédio,
respingam na minha face
enquanto olho afoito
esse pedaço de imensidão.
Enquanto o tempo gira,
enquanto o mundo passa,
enquanto a noite descansa,
eu abraço meus medos e meus problemas
e posso dormir então,
iluminado pela vida lá fora.