Passam-se os lírios, meu amor,
passam-se as horas,
as castas,
as finitas horas,
os funestos e sem demora.
Passam-se os diminutos,
rés-menores,
absolutos e díspares,
semicolcheias,
por uníssono as que enlameam.
E que o dia,
a liberar-se de mim,
canção ríspida,
torcida desalmada.
E que a porvir,
destemer em alma,
acolher em ouro,
fazer-se calma.
Tingir de ouro
o que de ouro seja.
Desfazer, deter, desonerar,
não temer o óbvio
e se entregar.
Feitio de outrora,
não se abster agora,
sonhar.