Por Yasmin Orlowski
Hoje, 7 de abril, é comemorado em todo Brasil o dia do profissional que escuta histórias, apura e relata informações locais, regionais, nacionais e internacionais de forma ética à população: o jornalista. A origem da data serve como uma homenagem ao jornalista e médico Giovanni Battista Líbero Badaró – defensor da liberdade de imprensa e oposicionista ao imperador D. Pedro I -proprietário do jornal independente focado em temas políticos ‘Observador Constitucional’. O jornalista foi morto no dia 22 de novembro de 1830 por inimigos políticos, após a divulgação de denúncias que contrariavam o poder do governo. Sua morte resultou no aumento das revoltas populares contra o governo opressor de D. Pedro I, que renunciou em 7 de abril de 1831.
A data tem ligação também com a criação da Associação Brasileira da Imprensa (ABI). Neste mesmo dia, em 1908, a ABI foi idealizada pelo jornalista Gustavo de Lacerda com o objetivo de assegurar e legitimar os direitos da profissão até os dias de hoje.
Direitos esses que já foram diversas vezes retirados. Um dos maiores golpes à profissão, que impulsiona a luta da categoria, foi o fim da obrigatoriedade da exigência do diploma para o exercício do jornalismo. O diploma de jornalista passou a ser exigido em 1969, possibilitando o crescimento e aperfeiçoamento da profissão e dos profissionais, o que mudou em 17 de junho de 2009, quando o Supremo Tribunal Federal derrubou essa obrigatoriedade.
Além disso, em outro ataque mais recente à profissão, em 2019 o Registro Profissional dos jornalistas também foi ameaçado, através da Medida Provisória nº 905, ainda em tramitação. O registro profissional para jornalistas é uma maneira de assegurar o exercício do jornalismo aos profissionais graduados, que tiveram conhecimentos teóricos e práticos durante o processo de formação, visto que o diploma de nível superior deixou de ser necessário para exercício da profissão.
A profissão, que vem recebendo um grande numero de ataques e tentativas de deslegitimação, nunca se mostrou tão necessária como em tempos atuais. A imprensa, apenas no contexto da atual pandemia do novo coronavírus, sofreu 21 ataques diretos pelo presidente Jair Bolsonaro, de acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Se considerarmos o total de vezes em que o presidente se pronunciou contrário à atividade jornalística desde o início do seu governo, o número seria de um total de 141 ataques.
Contudo, o jornalismo, mesmo tão criticado, nunca se mostrou tão necessário. Ele é essencial para o combate ao coronavírus, visto que a imprensa vem realizando um trabalho árduo de esclarecimento, atualizações em tempo real e desmentindo o grande número de fake news acerca do Covid-19. É em momentos difíceis, em contexto de doença e de incertezas, que o jornalismo tem a oportunidade de mostras o seu valor: a obrigatoriedade de prestação de serviço, levando notícias com embasamento cientifico, pluralidade de fontes e pontos de vista para a população, deixando-a armada politicamente através do conhecimento, e se posicionando na cobrança aos poderes que regem o país.