Amar nada mais é
do que tentar compreender uma pessoa,
conhecer alguém,
olhar a alma,
vasculhar os medos,
conhecer os segredos,
aprender no outro
a vida e a morte,
aprender a dor, a saudade.
Pessoas feitas de sonhos e paixões,
feitas de brio, de tristezas e carinho.
Abrir a porta da nossa casa desarrumada,
com móveis estranhos
aos nossos olhos,
numa disposição engraçada,
em cômodos não convencionais,
situadas no morro mais alto
ou no vale mais profundo
onde guardamos as nossas riquezas
e os nossos terrores.
Amar é beijar a face daquela criança perdida,
é acariciar as dores guardadas,
abrir feridas que só estavam escondidas
para tentar tratá-las,
montar guarda para a tristeza não entrar,
brigar com o passado que lá mora,
conhecer as fraquezas
e gostar delas também.
Amar é estender a mão e olhar nos olhos,
doar-se de corpo e alma pelo bem alheio,
aceitar as mágoas, cuidar dos pensamentos,
regar os sonhos
e não esperar nenhuma devolução,
pois somente o sorriso,
a vitória e o regozijo do outro
já são troféus suficientes.
Amo o que sofre, o que precisa de mim,
amo o que escuta ou o que fala,
amo o que dói, o que cura
ou o que se vai.
Amo, apenas.