Por Jessica Grossi
O músico Gafanhoto iniciou no rap no começo dos anos 2000: “comecei a gravar com os meus amigos, nada muito sério”, conta. Em 2003, no grupo Federação Republic-k, as gravações se tornaram mais profissionais. Gafanhoto aprovou o resultado e continuou no rap. Desde cedo ouvindo Racionais, O rapper inicia a temporada do projeto Palco B no dia 9 de julho, às 20 horas, no Cine-Teatro ÓperaGabriel Pensador e DMN, sonhava com uma carreira e se espelhava no que estava sendo feito na época. Outra forte influência de Gafanhoto é a Black Music, presente no seu álbum “Segue o Jogo”, lançado em 2018.
Em disco solo, Gafanhoto se preparou para conseguir um resultado diferente, abandonando o amadorismo da adolescência. Ele escreveu a primeira canção em 2016 e demorou quase dois anos para concluir o álbum. “Eu fui bem devagar, me preocupando com cada detalhe para ficar tudo em um nível profissional”. Seis músicas do álbum foram gravadas em São Paulo com o cuidado desde as mixagens até as participações de amigos e outros nomes influentes na cena do rap. “Chamei muita gente que eu gosto pra participar”.
Sobre seu estilo, Gafanhoto não soube se definir, mas tentou. “A influência da Black Music é bem forte, então eu gosto de um rap com mais groove, swingado”, diz rindo. “Não sei explicar direito, algo não muito reto, sabe? Esse é meu estilo”. A personalidade, aliada com as influências, são os guias para as suas músicas.
Gafanhoto lembra do início do rap como uma forma de luta. “O rap é totalmente político desde a sua criação, acho que isso não deve se perder nunca. Começou com os negros lutando por seus direitos e não pode deixar essa essência”. Para ele, o rap e a política estão totalmente ligados.
“Eu sou um dos que tem muita política nas letras, mas coloco de uma forma suave, em alguma letra ou outra eu vou de forma mais explicita. Essa é a minha forma de lutar”. O rapper explica que cada músico coloca a sua forma de pensar e a sua personalidade dentro do rap e expressa sua luta de forma diferente.
Em Ponta Grossa, ele vê um cenário positivo e fortalecido. “Sempre o rap enfrentou muito preconceito das outras pessoas e até, às vezes, dentro do próprio rap e agora a gente percebe que está ocupando mais espaços”, observa, ao destacar a união e o crescimento do estilo na cidade nos últimos tempos.
Gafanhoto, que usa as redes sociais com frequência para divulgar seu trabalho, é otimista com o futuro e sempre está em busca de shows e apresentações. Foi assim que recebeu o convite para participar do Palco B, projeto da Fluencia Cultural realizado em parceria com a Luneta Experiências Culturais, para abrir a temporada deste ano no próximo dia 9, às 20 horas, no Cine-Teatro Ópera. “O projeto valoriza a música autoral e isso é uma coisa que tem que ser fortalecida, principalmente no rap que é basicamente só autoral”. Ele destaca a importância da iniciativa tanto para o cenário local quanto para as bandas que apresentam um produto de qualidade.