Por Cultura Plural
Num ambiente apertado cheio de gente, de alegria e de diversão o Bloco do Tranca Rua realizou sua primeira edição na noite de sexta-feira, 1, no Rei das Batidas. Com o intuito de reunir o público que gosta da festa do carnaval, a organização quer botar o bloco na rua, mas não conseguiu para este ano por conta da falta de apoio do poder público municipal. Segundo Felipe Soares, um dos organizadores do bloco, a cidade vai avançar quando o poder público perceber que o carnaval é uma manifestação cultural legítima. “Quando o poder público se ausenta os gruposindependentes tomam a frente”, aponta.
A falta do investimento para a realização dos blocos de rua acabou por levar o Bloco do Tranca-rua para um estabelecimento privado. O Bloco surgiu da necessidade de se fazer um carnaval popular. Felipe comenta que o carnaval é muito ligado às religiões de matrizes afro-brasileiras. “O nome ‘Tranca-rua’ é uma homenagem a uma entidade de Umbanda que é o Exu Tranca-rua”, explica.
E por ser no Rei das Batidas não poderia faltar uma rainha do bloco. Cíntia Capri foi escolhida a majestade da noite. Quando conversamos logo apontou que a resistência é a palavra de ordem na cidade. “Carnaval em Ponta Grossa é uma resistência. Eu digo que ser carnaval em Ponta Grossa é resistência”, frisa a rainha. Mas apesar de tudo ela ainda brinca com a situação. “Ponta Grossa é meio triste para o carnaval, meio desanimada, mas eu não sou”.
A festa não tinha hora para acabar, mas por conta de reclamações – de pessoas externas – a Polícia Militar chegou no estabelecimento. A presença da PM interrompeu a festa e o samba por volta de uma e meia da manhã deixando um clima pesado no ambiente. “A gente estava fazendo uma festa aqui e fomos interrompidos [pela Polícia Militar] porque a cidade não tem esse tipo de cultura, mas uma coisa a gente entende, vamos lutar para mudar esse cenário”, lamenta o músico Rômulo André.
Felipe Soares propõe uma nova versão do discurso da administração municipal. “O poder público muitas vezes coloca um discurso que o ponta-grossense não gosta de carnaval e isso é uma mentira. Toda vez que há desfile das escolas de samba na avenida a população comparece.” Para ele, basta ver a presença do público na avenida para o desfile que já é possível desmentir o argumento.
Carnaval é talvez um dos movimentos culturais de maior importância no país. O músico Rômulo André veio da região Norte do Brasil, onde o carnaval recebe apoio do governo e de todo mundo. “Tocar aqui, incentivar a galera a escutar marchinha é muito gratificante, é um evento cultural. Reunir pessoas com uma cultura nacional, genuinamente brasileira, é a melhor coisa do mundo.” comenta. Por fim, sobra um desejo que foi resumido nas palavras do músico. “A gente quer ir pra rua, a rua é nosso lugar e é o lugar de todo mundo.”
Carnaval é Cultura. Se é Cultura, é Plural.