Os cachorros puxavam.
Farejavam as árvores e abanavam os rabos.
A coleira em minha mão.
Um senhor sorridente vem em minha direção. Ele tem o rosto cansado, mas está
sorrindo. Eu estou apenas dando uma volta com os dogs. Não estou interessado no que quer que seja que aquele senhor tenha a dizer. Ele pode ter servido ao exército há uns quarenta anos e ter ajudado a abrir algumas estradas pelo Paraná, mas eu não estou interessado – velhos costumam falar demais.
Eu olho, e sei, ele está vindo falar comigo.
Tento puxar os cachorros, mas do mesmo modo que foi até ali, são eles que me puxam.
Farejavam as árvores e abanavam os rabos.
“Devo me lembrar de não chatear os outros com a minha velhice… ou melhor, não
envelhecer.” eu penso, já com um sorriso falso, pois a distância entre mim e o velho
diminuiu.
“Boa tarde!” diz o velho.
Aceno com um movimento de cabeça.
Olho para os dogs.
Farejavam e abanavam os rabos.
“Isso… isso é bom.”
“O quê?” pergunto.
“Passear com os cachorros. Isso faz bem ao coração.”
“Certo.” eu digo. Ele realmente estava certo.
Ele não disse mais nada, fez um aceno e saiu.
Eu pensei em alguma coisa, mas logo percebi que teria de envelhecer para entendê-la.
E. Nivek