Por Cultura Plural
por Hellen Bizerra e Colaboração de Crystian Kühl e Antônio Correia
Não há exemplo maior de história antiga, que superou gerações e foi repassada incansavelmente ao longo dos anos, do que a Paixão de Cristo. O enredo é conhecido mundialmente, seja você cristão ou não, e todo ano é celebrado nas igrejas. Na última quarta-feira, atores solícitos, com figurinos improvisados, uniram-se para apresentar no auditório A do Cine Teatro Ópera mais uma peça baseada na Páscoa de Jesus.
Do lado de fora do teatro, pouco antes da peça iniciar, o público organizou-se em fila que dobrou a esquina da XV de Novembro e estendeu-se até a esquina da rua Dr. Colares. Por 10 minutos, a plateia foi ‘convidada’ a esperar que a bilheteria fosse reaberta para que algumas pessoas pudessem comprar ingressos e ocupar os poucos lugares ainda vagos no auditório A.
Iniciado o espetáculo, logo se constataram alguns problemas técnicos. Na ausência de microfones, o público que estava sentado nas fileiras mais afastadas do palco não conseguiu ouvir direito as falas de alguns atores. No entanto, a organização da peça se valeu de ótimos recursos visuais e sonoros que, mesclados às canções, prenderam a atenção dos espectadores.
Para fugir da ‘mesmice’ que o tema, por ser tão conhecido, poderia acarretar, o enredo sofreu pequenas alterações. Mais do que a Paixão de Cristo, a peça trouxe aspectos contemporâneos, como a paternidade precoce e problemas relacionados às drogas. Entre a combinação de cenas da atualidade e da história tradicional, apresentaram-se bailarinos.
Composto por crianças, jovens e adultos de diversas idades, o público esteve atento e envolvido com o espetáculo que, como não poderia deixar de ser, contou com cenas fortes e de bastante emoção. Ao final, os aplausos foram de pé.
Além dos ingressos vendidos, a organização do espetáculo arrecadou alimentos que serão destinados à doação.
Sobre o espetáculo
A peça foi produzida e encenada por membros das igrejas católicas de Ponta Grossa. Segundo o coordenador e narrador do espetáculo, Paulo André Ferraz, foram quatro meses de ensaios. “A maior dificuldade era reunir todos para ensaiar”, relata. O ator que interpretou Jesus Cristo, José Juarez Ferraz (34), afirma que a preparação para o espetáculo exigiu bastante dos atores e que não imaginava ver o auditório do Ópera tão lotado. “Foi preciso muito ensaio e também se colocar nas mãos de Deus para conseguir passar toda emoção ao público”, expõe.
Para Joelma de Souza (38), intérprete de Maria, o mais difícil foi segurar as lágrimas nos momentos mais pesados da peça: “Tive que ser forte par não chorar”. Segundo conta, houve apenas um ensaio geral no teatro, no dia anterior ao espetáculo.
Marisa Fornazzari (29) levou os filhos (de cinco e seis anos) à peça e diz que não esteve preocupada com o conteúdo forte de algumas cenas. “É importante que as crianças conheçam a história de Jesus. Eles [os atores] trouxeram a peça de uma forma mais atual e dinâmica, facilitou para as crianças entenderem”, afirmou. Para o espectador Pedro Carlos (44), o caráter atual da peça foi uma surpresa que agradou muito. “Esperava que fosse como todos os anos, mas fui surpreendido com a forma simples e cativante com a qual a encenaram”, conclui.