Por Cultura Plural
Os entornos da Estação Saudade voltaram a abrigar atividades culturais. A feirinha de artesanato e o projeto Sexta às Seis ocuparam regularmente o espaço. A preocupação agora é com o uso cultural do prédio, compromisso firmado pelo poder público nas últimas conferências de cultura.
Outros espaços, de histórica presença cultural no município, ficaram desativados ou foram abandonados. É o caso da Concha Acústica Carlos Gomes, na praça Barão do Rio Branco, e do vazio que restou onde era a Feirinha do São José. Em 2011, a Prefeitura argumentava que havia urgência na construção de um Centro Municipal de Educação Infantil no local.
O piano colocado na rodoviária transformou por alguns dias o ambiente ao revelar pianistas anônimos que estão partindo ou chegando.
Patrimônio e Memória
A demolição do Cine Império reacendeu o debate sobre patrimônio histórico. Mas nenhuma iniciativa de preservação da memória do cinema em Ponta Grossa ganhou vez e voz entre as ruínas. Justamente no ano em que outras cidades buscaram revitalizar por força de políticas culturais antigos cinemas e teatros de rua – espaços hoje em franca extinção frente demais interesses imobiliários. Um museu do cinema não seria de todo injusto com a história das salas de exibição na cidade. E uma cinemateca agradaria quem não consegue, por diferentes razões, assistir aos filmes dos shoppings. Um memorial, por sua vez, tenderia a evitar novas demolições nessa rica história da cultura local.
O Cine Teatro Ópera sediou o 1º Simpósio de Patrimônio Cultural de Ponta Grossa. O público acompanhou uma exposição didática sobre as modalidades de preservação e os tipos de patrimônio. Faltou apenas mais tempo para o debate, tantas eram as questões, as curiosidades e tamanha a vontade de participação da plateia. Que venha a segunda edição.
Também ofereceu contribuição à memória e ao patrimônio cultural a exposição ‘Bianchi e suas conexões’, no Centro de Cultura e depois no Museu Campos Gerais. Um agudo trabalho de curadoria e pesquisa sobre o acervo do fotógrafo Luis Bianchi, desbravador da fotografia nos Campos Gerais.
Música
Comemoramos em 2014 os 60 anos da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa. O concerto especial de celebração foi no aniversário da cidade, no Cine Teatro Ópera, com casa cheia. O evento marcou a estreia do maestro Jorge Scheffer. Em uma parte do concerto, fotografias históricas da orquestra eram exibidas ao som de Cinema Paradiso. Raridades de PG!
As composições do baiano Achiles Neto no 27º FUC embalaram os melhores momentos do festival neste ano. Seja na própria voz (“Um pobre girassol / Nunca resiste ao olhar / de uma romântica luz”) ou na interpretação de Conrado Pera e Tereza Raquel para ‘Corte e Costura’, Achiles garante o cada vez mais raro lugar para reinvenção e criação musical poética dentro dos festivais.
O evento Música na Chaminé, do Conservatório Maestro Paulino, ofereceu regularmente opções gratuitas aos apreciadores da música instrumental – com a participação de músicos convidados. Nesse mesmo setor, o Sonora Brasil/Sesc trouxe o músico Marcelo Cigano.
Teatro
O 42º Fenata esteve muito bem nos palcos. A interpretação teatral para o livro clássico da sociologia brasileira, Casa Grande e Senzala, garantiu uma das melhores estreias dos últimos 15 anos do festival. A noite terminou ainda melhor, com o monólogo trans “Uma flor de dama”. Um diferencial da edição foi também o lançamento da obra ‘Festival Crítico’, de Helcio Kovaleski.
Outra contribuição de 2014 à cultura popular foi a apresentação do Grupo Peleja, no Palco Giratório/SESC, com espetáculo baseado em pesquisas sobre a brincadeira festiva pernambucana do Cavalo Marinho.
Texto de Rafael Schoenherr