Por Cultura Plural
Foto: Luciana Scherner Por Luciana Scherner
As expressões “museu é lugar de coisa velha” e “quem vive de passado é museu” estão prestes a perder o sentido. Pelo menos em Ponta Grossa. A iniciativa Museu Escuta, do Museu Campos Gerais (MCG), quer aproximar o público de pessoas cujo acervo são suas memórias, sua história, seu conhecimento, muitas vezes acumulados por anos. O projeto ligado ao currículo extensionista da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou sua primeira rodada de entrevistas públicas em outubro e estão previstas novas conversas, oficinas e histórias orais até 2026.
Para Robson Laverdi, diretor de acervo do museu, o Museu Escuta contempla várias dimensões. A primeira delas é oportunizar um espaço de fala e escuta para pessoas e grupos invisibilizados e injustiçados social e historicamente. “Escuta é diferente de ouvir. Escuta é um gesto ético, é ação que promove a inscrição de outras vozes, reconhece trajetórias vividas que são trazidas para dentro do museu”, explica o idealizador do projeto, com mais de 30 anos de experiência em história oral.
Outra camada, segundo Robson, é fazer isso através de um processo formativo, com metodologia e ética. “Não dá para fazer isso só trazendo essas vozes sem ensinar como ouvi-las. Por isso a necessidade não só de gerar as entrevistas públicas, as rodas de memória, mas também trazer um processo de formação de público.”

Como parte do currículo extensionista de graduação, um novo ethos do profissional de História e de outras áreas de conhecimento estão sendo transformados. O desafio dos acadêmicos é a coprodução de conhecimento acessível para a comunidade. As falas dos ciclos de oralidade farão parte do repositório digital de acervos e materializadas na escrita da história do MCG, que deve ser publicada em livro.
Texto: Luciana Scherner (@lucianascherner)