Por Cultura Plural
Por Matheus Lara
O Pontagrossauros Podcast, criado pelo portal Em PG é Assim, é uma produção que vem ganhando relevância desde 2024 no cenário regional de comunicação digital. Em Ponta Grossa, o podcast se consolida como uma ferramenta significativa de comunicação da comunidade, apostando em um formato de entrevistas descontraídas com foco nas vivências locais. Com uma proposta que une informalidade, acessibilidade e relevância cultural, o programa busca destacar personagens e temas que, muitas vezes, passam despercebidos na grande mídia, mas que têm forte impacto no cotidiano da população da cidade e da região dos Campos Gerais.
Um dos pontos mais marcantes do Pontagrossauros Podcast é o seu compromisso com fontes locais. Diferente de produções de grande porte como Flow Podcast ou Podpah, que abordam questões nacionais (e até globais) com celebridades e figuras públicas amplamente conhecidas, o Pontagrossauros aposta na valorização do cotidiano, convidados regionais, empreendedores locais, políticos e profissionais diversos que impactam a cidade de forma direta. Essa escolha de convidados cria um vínculo mais próximo com o público e reforça o sentimento de pertencimento, algo essencial para produções de mídia em cidades médias como Ponta Grossa, já que muitas vezes o grande público consome apenas grandes produções de cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro.
Ao longo dos episódios, temas como empreendedorismo, cultura, política municipal e nacional, influência digital, educação e trajetórias inspiradoras são debatidos em um tom leve e natural. O estilo de bate-papo facilita a aproximação com o público, e a linguagem adotada pelos apresentadores, informal e espontânea, é o grande acerto da produção. Ela conecta o podcast com uma audiência ampla, composta tanto por jovens quanto por adultos, mantendo um ar de conversa entre amigos, o que ajuda a quebrar barreiras formais que poderiam afastar ouvintes menos interessados em entrevistas “engessadas” sobre política, por exemplo.
Outro aspecto relevante é a interatividade: o Pontagrossauros é transmitido ao vivo no YouTube e Facebook, o que permite a participação direta do público via comentários. Esse elemento interativo contribui para a dinâmica dos episódios, embora, em alguns momentos, a condução das falas possa parecer desorganizada, uma característica que acompanha o estilo solto do programa, mas que, em excesso, pode comprometer o ritmo e a clareza da conversa. Ainda assim, é inegável que essa liberdade formal é parte do charme do podcast, contribuindo para a autenticidade que ele promove.
No que diz respeito à estrutura técnica, o Pontagrossauros ainda carrega algumas limitações. A qualidade de áudio e vídeo nem sempre mantém a mesma qualidade, variando conforme o episódio. Isso é compreensível por conta de ser um projeto de produção regional, muitas vezes produzido com recursos limitados. No entanto, esses pequenos problemas não afetam o ouvinte a ponto de gerar grande incômodo, mas melhorias na captação de som e ajustes de iluminação elevariam significativamente o nível de entrega do programa, sem que ele perca a espontaneidade que é o seu grande “charme”.
A qualidade dos episódios também varia bastante dependendo do convidado. Enquanto alguns trazem discussões ricas, envolventes e que realmente agregam conhecimento a quem o acompanha, outros acabam resultando em episódios menos inspirados, com conversas mais rasas ou com pouca fluidez. Essa irregularidade é normal em podcasts que adotam o formato de entrevista, especialmente quando se busca diversidade de fontes, além de que o interesse pessoal do espectador influencia muito. Apesar dessas limitações, o valor cultural e social do Pontagrossauros Podcast é evidente.
Em um Brasil em que a concentração das produções de sucesso no eixo Rio-São Paulo ainda são uma realidade, iniciativas como o Pontagrossauros oferecem uma plataforma essencial para vozes regionais. Ao entrevistar personagens que atuam diretamente na cidade como o apostador profissional Matheus Lewandowski, a jornalista Priscila Koteski e o vereador Geraldo Stocco, o programa cria um espaço de diálogo democrático para um público diverso, permitindo que a audiência conheça múltiplas personalidades ponta-grossenses.
Em termos de originalidade, o podcast se destaca ao adaptar um formato já consagrado nacionalmente para uma realidade local, sem perder de vista a identidade da comunidade. É uma produção que entende a importância de falar com o seu público, valorizando aquilo que é o seu diferencial. Essa característica é um contraponto importante à tendência dos conteúdos digitais, em que muitos programas acabam por reproduzir temas, falas e comportamentos estandardizados em busca de popularidade nacional.
Além disso, o Pontagrossauros também cumpre uma função de certa forma educativa e informativa, ainda que de modo informal. Ao discutir temas como empreendedorismo, política, economia e comportamento com uma linguagem acessível, o podcast contribui para a formação crítica do ouvinte, incentivando a refletir sobre sua realidade, seu papel social e as transformações que ocorrem em seu entorno. Esse tipo de iniciativa, especialmente quando mantida com regularidade, tem um efeito duradouro no fortalecimento do engajamento e do pensamento comunitário.
Em resumo, o Pontagrossauros Podcast é uma iniciativa corajosa, necessária e com grande potencial de impacto local. Ao colocar a cidade de Ponta Grossa no centro das discussões, ele oferece à comunidade um reflexo no qual se identifica, se valoriza e se transforma. Com algumas melhorias técnicas, o programa pode alcançar ainda mais relevância, podendo talvez se tornar uma referência em comunicação local no Brasil. Para quem deseja conhecer melhor as histórias, os desafios e os protagonistas de uma das mais importantes cidades do interior do Paraná, o Pontagrossauros é um programa obrigatório.