Por Cultura Plural
Com dez anos de história, o projeto percorre escolas do interior levando alegria, movimento e reflexão
Por Ingrid Müller, Lucas Jolondek e Yasmin Aguilera
O Ginásio Jamal Farjallah Bazzi recebeu no dia 29 o projeto Circo na Escola. O espetáculo foi dividido em duas sessões, das 10 e das 14 horas, e durou cerca de uma hora com acrobacias e apresentações circenses. Atualmente o projeto está realizando uma turnê por diversas cidades do estado e Ponta Grossa esteve incluída na agenda de apresentações.
Com uma trajetória marcada por trocas culturais e impacto social, o espetáculo promovido pelo Projeto Circo na Escola chega a 2025 celebrando uma década de história. A iniciativa, idealizada pela atriz e diretora Carmela Ferraz, começou ainda em 2015 sob o nome de “Circo Urbano”. Desde então, se transformou em um projeto itinerante que já percorreu 13 municípios do Paraná.
Segundo Carmela, o objetivo do projeto sempre foi aproximar a linguagem do circo das crianças em idade escolar, promovendo experiências sensoriais e educativas. “Em um tempo em que os pequenos precisam cada vez mais de estímulo para se movimentar, explorar o próprio corpo e acreditar em suas capacidades, o circo surge como uma experiência viva e transformadora”, observa a diretora.
Agora, em 2025, o projeto continua sua jornada pelos Campos Gerais, no interior do Paraná, desta vez com recursos da Lei Paulo Gustavo. Para Carmela, cada nova cidade representa um mergulho em realidades diferentes: “A cada nova cidade, vivemos uma verdadeira imersão de trocas e descobertas. Para nós, artistas e equipe técnica, é um aprendizado constante. Para os estudantes, professores e toda a comunidade, é uma abertura de horizontes, um olhar além da sala de aula”.
O brilho nos olhos do público é, segundo a diretora, a maior recompensa. “O modo como se reconhecem no espetáculo nos mostra que estamos plantando algo valioso”, completa. Entre os artistas que integram o elenco está o ator Alan César Soares, que participa do projeto desde de 2022. Com 15 anos de experiência no mundo circense, ele carrega uma história pessoal que o conecta profundamente à missão da iniciativa.
“Quando eu era criança, não tive a chance de ver nenhuma apresentação artística. Morei em uma cidade pequena, sem teatro, sem acesso. Até mesmo quando o circo passava pela cidade, minha família não podia pagar para ir”, relembra Alan. As escolas onde estudou também não ofereciam atividades culturais. Hoje, ele vê no projeto a oportunidade de transformar essa realidade para outras crianças. “Participar de projetos que promovem a descentralização da arte me enche de esperança. Levar o circo a lugares que raramente recebem ações culturais é uma forma de devolver à sociedade aquilo que a arte me proporcionou”, conclui.
Para a professora Vânia Müller, que acompanhou os alunos durante a apresentação em Ponta Grossa, o impacto do espetáculo vai além do entretenimento. “Acredito que o acesso a espetáculos culturais amplia o universo das crianças, especialmente aquelas que, muitas vezes, têm poucas oportunidades de vivenciar experiências fora do ambiente escolar”. Para ela, atividades culturais despertam a imaginação, fortalecem a criatividade e geram encantamento: “é algo essencial para o desenvolvimento emocional e cognitivo; é um momento de aprendizado que vai além da sala de aula”.
A professora reforça a importância de iniciativas como essa para o desenvolvimento integral dos estudantes. “Atividades como essa contribuem para a sensibilidade, a empatia e a capacidade de interpretar diferentes formas de expressão artística. Além disso, promovem a socialização, o senso de pertencimento e o respeito às diferenças, aspectos fundamentais para a formação de cidadãos mais humanos e conscientes”, analisa.
Sobre a vivência no espetáculo, Vânia não esconde a emoção: “Ver os olhinhos atentos, os sorrisos espontâneos e as reações de surpresa e alegria durante o espetáculo foi emocionante. Eles se envolveram, participaram, e até mesmo os mais tímidos se expressaram de forma mais livre. Foi um momento mágico que ficará guardado na memória de todos, deles e minha também”.
Com uma década de estrada e um propósito cada vez mais firme, o Projeto Circo na Escola segue encantando plateias e promovendo a arte como um direito acessível, transformador e coletivo.