Por Cultura Plural
Por Amanda Stafin e Fabrício Zvir
A 19ª Semana de Integração e Resistência, (Saintre), promovida pelo Centro Acadêmico João do Rio do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), reuniu estudantes, professores e profissionais da área em uma programação distribuída ao longo de três dias. O evento teve como tema central Interseccionalidade e resistência na carreira jornalística e combinou palestras, oficinas práticas, bate-papos e atividades culturais.
Amanda Los, presidente do centro acadêmico, destaca que a proposta da Semana de Integração e Resistência é aproximar os estudantes das múltiplas realidades do jornalismo além da universidade. “O objetivo é trazer uma perspectiva do jornalismo fora da vida acadêmica, com pessoas que atuam em diferentes áreas da profissão”.
A abertura aconteceu no Grande Auditório na manhã de segunda-feira (26), com a palestra de Marcela Godoy, docente da UEPG e líder de grupo de pesquisa em ensino de Ciências. O encontro tratou das violências veladas e da consciência de gênero no ambiente institucional. À tarde, o chargista independente James Robson França, conhecido como Sadco, compartilhou experiências da produção de charges fora do circuito tradicional. No mesmo dia, o produtor cultural Wilton Paz ministrou uma oficina de curadoria, voltada à formação prática em produção cultural. Também na segunda-feira, a oficina Fotografia na lata foi conduzida pela técnica do laboratório de fotos do Departamento de Jornalismo, Taís Ferreira.
A terça-feira contou com a palestra Vivência de uma âncora em telejornais, apresentada pela jornalista Cíntia Capri, e com a oficina Podcast do zero, conduzida pelos criadores do Pontagrossauros, Richard Eidam, Alex William e Dalcion França, que detalharam o processo de criação, estrutura técnica e estratégias de profissionalização do projeto. Encerrando a programação do dia, o radialista Cândido Neto, referência no jornalismo esportivo local, conduziu um bate-papo sobre sua trajetória e os desafios da profissão.
João Pedro Souza, calouro do curso, participou da semana pela primeira vez e avaliou a experiência. “Pude participar da oficina do Pontagrossauros. Foi um momento muito descontraído porque o podcast se destaca dos demais por ter uma linguagem informal e bem ponta-grossense”. João também mencionou o bate-papo com o radialista Cândido Neto como um ponto alto da programação. “Tive a oportunidade de conversar com ele. Para mim, que pretendo seguir na área esportiva, foi um aprendizado muito grande”, relata o estudante.
Na quarta-feira (28), as atividades começaram com um café comunitário, seguido por uma simulação de coletiva de imprensa em formato de LARP (Live Action Role Play), conduzida pelo professor Ben-Hur Demeneck. Na atividade, os participantes assumiram papéis diversos ligados a uma situação de crise, exercitando habilidades práticas de comunicação. O último dia também contou com a mesa O mercado de trabalho e a estigmatização de jornalistas, com os convidados Elaine Barcellos, Erica Fernanda, Nilson de Paula e Vinicius Biazotti, além da palestra Onde mora o olhar: encontro entre o íntimo e o jornalístico, conduzida por Melvin Quaresma.
Para a estudante Maria Gallinea, as oficinas foram um dos pontos altos do evento. “Participei de três oficinas: charges, foto na lata e LARP. Na oficina de charges, foi muito divertido conversar com um chargista local e aprender com sua experiência. Como sou responsável pelas charges no Foca Livre, foi enriquecedor trocar ideias com alguém que também atua nessa área, ainda que de forma mais profissional do que eu”, relatou.
A programação foi complementada pelas sessões do Cine Cajor, que exibiu os documentários Todas as guerras que eu vi (26), Sobre vivências travestis (27) e o longa Ainda estou aqui (28).
Segundo a presidente do centro acadêmico , o evento foi preparado ao longo de dois meses e busca ampliar o olhar dos alunos sobre o mercado de trabalho. “É fundamental entender como diferentes minorias sociais, das quais muitos estudantes fazem parte, se inserem na profissão. Ter essa visão além do ambiente universitário é essencial na formação de qualquer jornalista”, conclui.
João destaca ainda o valor das atividades da Saintre para a formação. “Acredito que ela possa aproximar nós estudantes a ter mais contato com aspectos que não estamos acostumados no cotidiano. Ter uma mente aberta nos dias atuais significa muita coisa. Mas também serve de descontração e diversão, aprendendo de forma mais prática e rápida sobre as perspectivas sobre nossa profissão”, destaca.
Com propostas teóricas e práticas, a 19ª Semana de Integração e Resistência reforçou a importância de uma formação jornalística crítica, colaborativa e conectada com os desafios sociais contemporâneos. Ao integrar experiências profissionais, oficinas dinâmicas e debates, o evento reafirma seu papel como um espaço de encontro, experimentação e transformação dentro da universidade.