Por Cultura Plural
Por Giovana Galvão, Julia Busarello e Yasmin Salgado
O evento ‘’Vozes Negras em Foco”, realizado no Museu Campos Gerais no dia 26 de abril, contou com duas palestras sobre cultura, identidade e resistência da população negra. A iniciativa é do Grupo Temini e começou em 2011 com palestras nas escolas e universidades de Ponta Grossa para falar sobre a cultura africana. O objetivo é de dialogar, responder dúvidas e compartilhar experiências. “A importância de fazer esses eventos é poder desmistificar estereótipos e disseminar conhecimento”, obseva Temitope Jane Aransiola, uma das organizadoras do evento.
A primeira palestra, conduzida pela Dra. Merylin Ricieli, abordou a apropriação cultural. Segundo ela, o tema está relacionado com o colonialismo, que se constitui a partir da percepção de apropriação de heranças e de costumes da população negra, servindo como um mecanismo de opressão utilizado para retirar o significado de uma questão cultural e a comercializar. Merylin também explica como evitar a apropriação, pensando sobre a origem de uma expressão cultural e se existe uma relação de dominação na tradição. Pars ela, se existe uma relação de privilégio, tem apropriação, “A apropriação cultural não é individual, ela é uma perspectiva ampla, um sistema, uma estrutura política”, analisa Merylin. Na sequência, a professora Débora Ferreira trouxe uma reflexão sobre a solidão da mulher negra, discutindo dificuldades enfrentadas desde a infância, como pressão estética .
Ela abordou o impacto das imposições sociais nas relações pessoais e profissionais e destacou como a mulheres negras buscam aceitação, “Muitas vezes, a mulher negra entra em relações não por vontade própria, mas pela necessidade de se sentir aceita em um contexto que a desvaloriza”. Débora também reforçou a importância de afirmação da identidade negra nas relações afetivas como forma de resistência. O evento continua nos dias 24 e 25 de maio, no auditório do SECISA na Universidade Estadual de Ponta Grossa e no SESC Estação Saudade, respectivamente. A palestra do dia 24 irá abordar as vivências de pessoas negras na cidade; debatendo as dificuldades, o racismo, o preconceito e a discriminação. Já no Dia da África (25), o evento pretende discutir o empreendedorismo – Black Money, com especialistas em economia.