Por Ingrid Muller
Quando se fala em Páscoa, é fácil pensar apenas em ovos de chocolate e almoços em família. Mas, no Paraná, essa celebração ganha outras camadas, de fé silenciosa, tradições que atravessam séculos e expressões culturais que resistem ao tempo. Em cada procissão, em cada pêssanka pintada à mão, em cada gesto comunitário, pulsa uma história que vai além do calendário litúrgico: a história de um povo que transforma memória em renovação.
Na tradição cristã, a Páscoa marca a ressurreição de Jesus Cristo e é considerada o momento mais importante do calendário litúrgico. Nas cidades do interior, como Ponta Grossa, Guarapuava e Prudentópolis, a Semana Santa movimenta as comunidades com missas especiais, procissões e encenações da Paixão de Cristo. Nos bairros e paróquias, é comum ver voluntários envolvidos em cada detalhe dessas celebrações, reforçando o sentido coletivo da fé e da memória.
Mas a tradição religiosa não caminha sozinha. A Páscoa também é um momento de encontro familiar, de receitas que voltam à mesa, como o peixe assado, as saladas simples e os doces caseiros, com aquele gostinho de comida de avó. A troca de ovos de chocolate, apesar de comercializados em larga escala, mantém viva a simbologia ancestral do renascimento e da fertilidade.
Nas comunidades com forte presença de imigrantes, como os descendentes de ucranianos em Prudentópolis e Mallet, a Páscoa ganha cores e significados próprios. Um exemplo é a produção das pêssankas, ovos decorados à mão com símbolos que representam proteção, prosperidade e fé. Mais do que enfeites, essas peças são heranças culturais que resistem ao tempo.
Ao mesmo tempo, novas formas de celebrar vêm surgindo entre as gerações mais jovens, que conciliam os rituais da fé com práticas contemporâneas: encontros em cafés, feiras temáticas, ações solidárias e conteúdos digitais que ressignificam o espírito da data sem deixar de lado seus valores que marcam a data.
A Páscoa, assim, é vivida no Paraná como um tempo de recomeço e diversidade. Um período em que tradições são resgatadas, famílias se reúnem e a cultura local encontra novas formas de expressão, mantendo vivas as raízes que moldam a identidade do povo paranaense.