Vou explicar o que quis
o que pensei e o que nunca quis,
vou me expor para o mundo,
mostrar minha feminilidade
e fingir que nunca existiu.
Vou me propor, colocar-me à frente
e reclamar de não ser correspondido,
vou me olhar no espelho
e me sentir um coitado,
e esperar que você também tenha dó de mim,
mas nunca vou me mostrar frágil,
não deixarei um fio de falta,
não deixarei escapatória, medo, receio ou dúvida,
e ainda assim me darei por vencido,
serei tudo e nada,
serei o que me pedem, o que me querem,
e ainda brigarem por isso,
vou ter raiva, ter culpa, ter medo,
vou ter cães lindos,
vou ter medo da solidão,
vou ter que racionalizar,
pois senão não aguentarei.
Vou expor como um professor exemplar,
dono da maior experiência possível
e ainda assim quererei ajuda,
vou procurar amigos,
vou procurar amores,
vou procurar quem sou
e um dia encontrarei,
mesmo que pela metade,
mesmo que fingido,
mesmo que recalcado,
mesmo que cingido,
mesmo que falso,
mesmo que tudo.
E voltarei novamente,
viverei tudo de volta,
eterno retorno,
e ainda assim não saberei,
respostas, futuro, ausência,
e me prenderei ao amor,
e buscarei explicações para amar,
e não saberei de nada…
Porém, aos poucos,
reergue-me-ei,
palpite em palpite,
análise em análise,
caminho em caminho,
E…
Vou ser feliz.