Hoje me encontro mais solto, mais leve talvez,
sinto como se estivesse no controle de mim,
coisa que eu não poderia estar antes, ou poderia?
Porém, hoje eu posso me perceber,
hoje eu sei o que os olhos veem,
sei o que meus pés tocam,
e mesmo que sofra como sempre sofri,
hoje eu posso chorar as minhas lágrimas sem medo.
E mesmo neste lugar tão atual e tão nostálgico,
pouca coisa muda,
mas tudo muda.
Mudam-me as coisas
como nunca antes.
Levanto, tomo meu café,
caminho entre pensamentos
e os reconheço, vejo-me neles,
e claramente vejo a cor,
a tinta,
a marca dos meus sentimentos
espalhada por todas as coisas,
por todas as obras que fiz,
vejo e encaro
mesmo o que antes me causava repulsa,
ou medo, ou vegonha,
pois em tudo estou, em tudo sou.
E hoje vejo nas linhas
o que sempre quis ver,
hoje escrevo na poesia
o que eu sempre tentei dizer,
quem eu sou.