Por: Lucas Jolondek
Quem gosta de bodyhorror vai se encantar com “A substância”, um filme radical do gênero. O filme de terror/ficção científica, escrito e dirigido por Coralie Fargeat, e estrelado por Demi Moore (Elisabeth Sparkle) e Margaret Qualley (Sue), foi lançado no dia 19 de setembro, e ganhou repercussão pelo seu enredo viciante.
A trama retrata a história da estrela de cinema Elisabeth Sparkle, que teve uma grande carreira, mas foi esquecida com o passar dos anos. Após ouvir de seu produtor Harvey (Dennis Quaid) que será demitida por ser “velha demais”, Lizzie fica tão abatida que sofre um acidente que a conduzirá a uma intervenção estética extrema.
Após sofrer o acidente, ela é encontrada por uma empresa misteriosa que produz a substância, que promete lhe entregar “uma versão melhor de si mesma, mais nova, mais bonita, mais perfeita”. Elisabeth utiliza a substância, que literalmente cria uma versão mais “perfeita” de si mesma em outro corpo, Sue.
Os criadores da substância explicam que o equilíbrio entre os dois corpos é essencial. Sue e Elisabeth revezam sete dias acordadas e sete dias com um sono profundo enquanto compartilham a mesma mente. Nesse processo, Sue vive como uma parasita e começa a devorar Elisabeth, o que faz o corpo de Lizzie putrificar.
Crítica por trás d’a substância
Sue representa o desprezo e a futilidade da juventude por aquilo que não possui beleza, enquanto Elizabeth representa o desprezo pelo envelhecimento. O filme retrata uma mulher se destruindo para entrar nos padrões de homens ainda mais velhos e que não precisam se submeter a nenhum procedimento estético para serem aceitos pela sociedade. A crítica transcende as pressões de gênero na indústria cinematográfica e os reflete na sociedade como um todo.
A comida é muito presente na narrativa. No início, Elisabeth mal se alimenta, diferentemente do personagem de Dennis Quaid, que se alimenta de modo repulsivo. Após utilizar a substância, Elisabeth canaliza sua raiva na comida e passa a se alimentar como Harvey. A comida pode representar a relação entre o público e a indústria do cinema. Lizzie foi consumida, mastigada e cuspida, em um paralelo entre o destino das mulheres na indústria cinematográfica.
“A substância” critica uma sociedade doente por status e ego, e os que buscam ideais estéticos inalcançáveis. Tal como a mídia, que sempre busca correr atrás de novos corpos para explorar e abusar cinematograficamente, o jogo de câmeras que capta Sue expõe isso, sempre mostrando diferentes ângulos de seu corpo