Por Cultura Plural
Por Eduarda Gomes, Gabriele Proença e Julia Almeida
Na sexta-feira (27), às 19 horas, o auditório B do Cine Teatro Ópera recebeu o monólogo ‘Querem Acabar Comigo’. Com entrada gratuita e classificação indicativa de 14 anos, o enredo apresenta a história e a realidade de um jovem artista em uma sociedade cercada pela desigualdade e pelo racismo. A organização disponibilizou recursos de audiodescrição e intérprete para tradução em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para tornar a apresentação acessível para pessoas com baixa visão, cegos e surdos.
O espetáculo é roteirizado, dirigido e encenado pelo ator David Dias. Apesar de apresentada pela primeira vez neste formato, segundo o roteirista, o conceito da peça surgiu de uma cena curta apresentada por ele entre 2019 e 2020, que passou por um processo de aperfeiçoamento.
O roteiro mistura ficção e autobiografia de David. Durante a encenação, foram utilizados cartazes com colagens de fotos dele e de sua família. ’’A ideia surge com questões pessoais e familiares de interesse em saber a nossa história, quem são nossos antepassados e de onde a gente veio’’, destaca. Para escrever a peça, o ator se inspirou em poemas e momentos em que foi vítima de racismo. ‘’Pra mim é muito bom apresentar, pois é como um expurgo, como se eu me lavasse [dos incômodos vivenciados]’’, expõe.
A narrativa é construída a partir de metáforas e o fio condutor da história se amarra ao trabalho textual e corporal de David. Isadora Hilgemberg, estudante de 16 anos, assistiu a peça por indicação do seu professor de Artes. Ela destaca a importância de peças que trazem o racismo como trama principal. “É um tema interessante e não se vê muitas peças com esse tema”, reflete. Segundo a estudante, a forma abstrata escolhida para contar a história faz com que a trama fique difícil de entender. “É meio complexo, mas quando você liga todos os pontos é muito interessante de acompanhar”.
A sonoplastia, criada completamente para a obra, apresenta músicas em língua africana e alterna entre momentos de tensão e leveza. Os sons originais foram compostos por Ariel Rodrigues, músico de Curitiba. O figurino traz referências ao passado de racismo e escravidão a partir de amarras, cortes e retalhos.
O monólogo fez parte da programação ‘Festival Dia de Arte – 10 anos’, que comemora uma década do Grupo Dia de Arte, equipe de teatro de Ponta Grossa. O evento, que conta com nove apresentações gratuitas, iniciou no dia 14 de setembro e finaliza no dia 10 de outubro, com a peça ‘Entre o Sol e a Lua’. O Festival conta com apoio da ABC Projetos Culturais e da Estratégia Projetos Criativos, além de incentivo do Governo do Paraná, através da Secretaria de Cultura, com recursos da Lei Paulo Gustavo.