Por Cultura Plural
Por Emanuelle Pasqualotto, Joyce Clara e Marina Ranzani
Na última sexta-feira (27), a cantora ponta-grossense MUM realizou um evento de pré-estreia do videoclipe “Carcaça”, que se encontra disponíve em seu canal oficial no YouTube. O evento aconteceu no prédio da PROEX e contou com apresentação de músicas autorais da artista e bate-papo após a exibição. A música “Carcaça” foi lançada no dia 30 de agosto.
A multiartista Larissa Brandão foi quem assumiu a direção do videoclipe, enquanto o roteiro foi de Paloma Costa. Ambas já trabalharam juntas no projeto Coletivo Inajá, Larissa como diretora de Arte e Cinematográfica e Paloma como roteirista. A equipe de produção conta ainda com direção musical de Ardlez, produção, mixagem e masterização de Adieu, e arranjo de piano de Klüber. A música faz parte do álbum Sanguinária.
Durante o evento, também houve exibição de clipes anteriores de MUM. Foto: Joyce Clara
A composição de MUM, assim como em trabalhos anteriores, traz uma perspectiva que induz a fortes reflexões sobre experiências femininas. Trata-se de uma composição e visual marcante, que explora a questão do corpo de identidades femininas e compara com algo desgastado, tanto pelo tempo quanto pelas vivências, e todo peso que acompanha o cotidiano da mulher. A cantora afirma que é algo que perpassa gerações “Eu componho imaginando as coisas muito visualmente, quando eu estou escrevendo as minhas músicas”, diz, sobre o processo criativo.
Ainda sobre toda a estética sonora e visual, MUM expõe que “trouxe essa ideia de trazer um pouco mais essa era vitoriana e demais para transformá-las nesse conceito progressivo. Porque o álbum Sanguinária são histórias que são contadas através do sangue. Então, nada melhor do que falar sobre vampiros”. Larissa complementa sobre a produção, em específico de “Carcaça”. “Por mais que tenha esse lugar doloroso, a gente só segue tendo uma perspectiva muito positiva do que a gente está criando enquanto conjunto. Porque o Carcaça é isso, é o trabalho de muitas pessoas, a gente construiu esse lugar então acho que é isso que torna tão potente, tão bonito também”.
Sobre o cenário audiovisual na cidade, Larissa questiona: “A gente não tem nenhum corpo estável de audiovisual. Temos de teatro, música, dança, mas de audiovisual a gente não tem. E também a gente não tem formação na cidade, então isso são coisas que, consequentemente, acarretam em outras, né?”. Ela complementa que ao adicionar a questão de gênero em uma cidade conservadora, a situação fica mais complicada. “Mas eu acho que a gente ainda tem muito chão para andar e para criar uma cena de audiovisual. E é muito legal estar junto com mulheres muito incríveis, tomando essa frente e dando a cara à tapa pra fazer isso acontecer”, analisa.
Juliana Krol esteve presente no evento e comentou sobre a representação feminina nas manifestações culturais de Ponta Grossa: “A gente vem de uma cidade onde os espaços culturais não têm espaço para mulher direito. Eu acho grandioso ver o papel da MUM no meio disso”. Ela expôs que é amiga da artista e pode acompanhar bastidores. “Acompanhar o que ela consegue levar para as pessoas é grandioso e eu tenho vontade de poder mostrar para o mundo inteiro isso. Ela vai tá ocupando a cidade já com isso, é uma coisa muito forte para a gente”.