Por Cultura Plural
Por Duda Macedo
Carol Biazin é uma das cantoras brasileiras mais reconhecidas da atualidade. Natural de Ivaiporã, no Paraná, Carol – que também é compositora e instrumentista – ficou conhecida por participar da sexta edição do programa The Voice, em 2017. A partir daí, já lançou dois EP´s e três álbuns.
O primeiro álbum foi Beijo de Judas, que traz letras com instrumentais fortes que contam sobre a tentação de estar com alguém falando de arrependimento, desejos e amores. O segundo, lançado em 2022, foi REVERSA, que passa por todas as fases de um amor: desde o início da paixão, passando pela desilusão do término de namoro e chegando à fase de superação, trazendo músicas conectadas que seguem uma história. Agora, em 2024, Carol Biazin lança o seu terceiro álbum, No escuro, com nove faixas inéditas e a já lançada anteriormente Amor traumatizado.
O novo trabalho traz músicas com letras complexas que falam de romance, histórias de vida, sensualidade e calmaria. As dez faixas possuem conexões entre si, seja nas melodias ligadas ou com histórias que fazem referências umas às outras, começando com Menina do interior, que em sua letra faz referência ao nome do álbum. O piano é muito presente na música, trazendo certa dramatização e peso à canção, que fala que a cidade muda a menina do interior. A faixa faz referência à Ivaiporã, cidade natal da cantora. Carol conta que a carreira a conduziu ao mundo das cidades grandes.
(Não) quero me apaixonar fala de amor casual e do apego a alguém sem um vínculo formal. A melodia, que começa com o violão, dá lugar a uma batida animada que, no final, vira o começo da faixa seguinte. Low profile, que também possui uma batida mais forte, continua abordando o amor, agora mais apaixonado e por alguém que pouco utiliza as redes sociais.
Em seguida, 1697 reflete sobre saudades e arrependimento. Meu coração já decorou o nome e o CEP/ A noite eu vou no 1697/Me deixa entrar que ontem bateu mó bad/ Jurei que não voltava, mas saudade persegue. Com isso, podemos fazer uma ligação com Tr*nsANte, a música mais quente do álbum, que fala sobre sexo e contato fisico, principalmente entre duas mulheres, já que Carol é uma cantora assumidamente lésbica e sempre busca cantar para o publico LGBTQIAP+.
A partir da sexta música, o foco muda. No lugar do amor emerge uma certa decepção com as relações de hoje. Corações de pedra é a única faixa do álbum que tem participação especial (da cantora Duquesa). Um dos versos fala Depois da transa quem prova seu íntimo?, fazendo referência à canção anterior. Corações de pedra fala sobre os amores líquidos da sociedade atual. O eu lírico da música é diferente, e quer mergulhar em algo profundo. Outra referência está na trecho Cuidado perigo a frente/Prazeres temporários causam danos permanentes, já que a próxima música é Amor traumatizado. A letra faz quase um par com a anterior, falando sobre um coração que já foi machucado e tem medo de se entregar novamente.
Em Casula, faixa 8, Carol volta com as melodias mais calmas acompanhadas de violão e piano, transmitindo uma sensação de calmaria e cuidado. No final, um áudio cita que a palavra caçula vem de casulo, um local onde você se sente bem e protegido. Enquanto na canção é dito Então pode voar que eu te encontro no escuro/Pra te lembrar me cuida eu te cuido, na faixa 9, Você, a letra é Voei alto por ti/Seu egoísmo me deixou cair/Ai que contradição/Quem me deu asas me soltou a mão. Os instrumentais são muitos semelhantes aos da anterior, com o violão e o piano. Essa dualidade indica o caminho: como um relacionamento que começa com o cuidado de Casula e termina com a decepção de Você.
A música que fecha o álbum, Conversei com Deus, fala sobre a essência de ser você mesmo, relacionando-se à primeira faixa, que conta sobre como a vida urbana muda a menina do interior. A última canção mostra uma recomendação, para que mesmo em novos lugares: É melhor ser eu/Mesmo quando eu duvidar.
Junto ao lançamento do álbum nas plataformas digitais, no dia 22 de agosto, o videoclipe de (Não) quero me apaixonar foi lançado no YouTube. A estética apresentada é minimalista, com cortes de Carol fazendo coisas comuns do dia a dia. As cores mais usadas são o vermelho e o azul, que também estão presentes na capa do álbum. O azul é muito presente nas roupas e cenários, enquanto o vermelho ganha um destaque principal no cabelo da cantora, que é ruiva, e em alguns acessórios e detalhes usados e mostrados no videoclipe. O terceiro álbum de Carol Biazin consegue abordar vários temas de forma sensível. Diferente do seu último álbum, REVERSA, que tem músicas explosivas como Mala memo GLITTER, em No escuro até as músicas mais animadas trazem calmaria. Essa nova era de Carol vem desde sua última turnê em formato acústico que viajou o país. O trabalho apresenta novas músicas que, quando ouvidas em ordem, conseguem se conectar em musicalidade e letras, além de carregadas de melodia e significado.