Por Joyce Clara e Gabriel Aparecido
No dia 12 de setembro, a equipe do Cultura Plural esteve na Terra Indígena Faxinal para acompanhar a preparação da Mostra Cultural Kaingang, realizada anualmente pelas escolas da Terra. A Mostra consiste na exibição de histórias da cultura e dos costumes Kaingang, bem como a demonstração do idioma falado pelo povo originário.
Educação e Cultura
A escola Colégio Estadual Indígena Prof. Sergio Krigrivaja Lucas Eiefem, que conta com aproximadamente 200 estudantes desde o 3º ano do ensino fundamental até o final do Ensino Médio, foi o palco principal da Mostra, realizada um dia após a visita da equipe. Nela, os professores estavam terminando os preparativos, com imagens que demonstravam o idioma Kaingang, indicando suas diferenças do português; artesanato e a preparação de comidas típicas da etnia.
A população possui ensino bilíngue, português e kaingang, além de uma biblioteca na escola com produções em ambas as línguas. Durante a mostra, cada turma realiza uma apresentação ou exposição relacionada à algo que aprendeu durante o ano.
Zenilda Correia Lucas, mãe de uma das crianças da escola, mostrou um pouco do artesanato que produz com seu marido. Ela conta que durante a mostra acontece a venda de ornamentos, e expõe que o tempo de produção é de uma peça por dia, pela dificuldade do processo. A confecção de cestarias, saias, brincos e do cocar, assim como a venda e troca, é comum entre eles.
Durante a visita, foi mostrado um modelo de Casa de Pedra, que consiste em um buraco coberto com palhas com uma fogueira no centro. Esse tipo de habitação era comum no início da história do povo Kaingang.
Em conversa do grupo com o cacique Adevanil Kregvaj Lourenço, o líder contou que existe uma votação para o cargo, e explicou alguns códigos que regem a convivência na Terra Indígena. Por exemplo, atitudes decorrentes do excesso de álcool, discussões conjugais e desacato às lideranças e roubos são reprimidos. Há uma única prisão no local, na qual o indivíduo (ou o casal) passa um dia em uma cela ao cometer esses atos.
O casamento também possui regras: se a mulher Kaingang se casar com um homem branco ela deve se mudar para a cidade; se uma mulher branca se casar com um homem Kaingang, ela deverá viver na terra indígena como forma de preservar a terra, a cultura e os costumes.
A oportunidade de visitar a Terra Indígena de Faxinal aconteceu a partir da organização do professor José Galdino (DEHIS/UEPG) e, em Jornalismo, do professor Ben Hur Demeneck (DEJOR/UEPG). Os moradores Alexandre Kuaray de Quadros e Regina Kosi acompanharam o grupo durante toda a visita, ambos formados na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A delimitação original da terra aconteceu através do decreto Decreto n. 8, de 09.09.1901 (Governo do PR).