Por Joyce Clara e Vinicius Orza
Por Joyce Clara, Marina Ranzani, Naiomi Mainardes e Vinicius Orza
No último sábado (15) aconteceu o 36° Festival Universitário da Canção, no Cine-Teatro Ópera. A noite iniciou com uma apresentação da MUM, vencedora da 35° edição do FUC, com a música Sanguinária. Em seguida, Lorinezz, Vivian Bueno (vencedora do 34° FUC) e Aline Cebulski subiram ao palco e mostraram toda a força feminina do cenário musical de Ponta Grossa.
Um momento de homenagem também fez parte desta edição, com a referência à memória de Maria dos Santos Dias, professora de piano do PROEX que faleceu em 2023, e o DJ Tom, artista local que participou duas vezes do festival.
Foram 46 músicas inscritas e doze selecionadas no festival pelos curadores Érico Bondezan, Íria Braga e Thiago Xavier de Abreu. Os músicos Janine Mathias, Rogéria Holtz e Téo Ruiz compuseram o júri que definiu os premiados da noite.
Apresentações
A dupla de músicos Juliani Ribeiro e Joãozinho iniciou a rodada de apresentações, com o nome artístico de Os Cantantes. A canção Se Essa Rua explicita a realidade difícil que muitas pessoas enfrentam em contraste às fantasias e anseios da infância.
O grupo 3Madru levou a realidade do rap para os ouvintes com a música Outra Vez Devaneio. Com direito a uma briga encenada no palco, Patrick Siqueira mostrou sua composição. “Quero que as pessoas sintam o sentimento de esperança e analisem o ser humano como de fato um ser, e não um objeto”, aponta. A letra crua e sincera expõe a falta de empatia da sociedade atual e é um convite a enxergar a dor do próximo.
Em um protesto contra a homofobia, EuLimo apresentou Não Era Eu em mais uma participação no festival.
Na sua primeira participação no FUC, a artista Ametysta levou o rock para a cena através do gospel Sem Rumo. Os gatilhos da pandemia trouxeram a criatividade necessária para ela começar a compor, juntamente com a recente espiritualização que a incentivou a falar de Deus. Para Ametysta, a sabedoria é adquirida através da espiritualidade. “Tento falar para a pessoa buscar quem é o criador dela e se curar de suas dores e do processo de trauma”, diz.
O estreante Konann animou a plateia com o rap da música Preces. Com um ritmo calmo e consciente, Maro convida o público a pensar na indecisão com Tudo O Que Eu Quero. O músico diz que a composição nasceu a partir das dúvidas que temos diariamente nas escolhas da vida. Para Maro, a identificação ajuda as pessoas a absorverem e gostarem do que ouvem. ”O interessante da música é conseguir traduzir com o teu sentimento uma coisa que várias pessoas já viveram”, pontua.
Após vencer o segundo lugar na edição passada do FUC, Lorinezz retorna com a tocante Relato da Maria.
O veterano Daniel Gnoatto já soma cinco participações no Festival e volta mais uma vez com Sempre Em Mim. Ele define a própria música como atípica, pois costuma compor com base nas próprias experiências de vida, diferente desta, em que se inspirou em um livro que leu para falar sobre o amor nos relacionamentos. “É uma canção que fala de perdão e arrependimento. É saber perdoar quem a gente ama”, diz.
Através das brasilidades do samba, a parceria de Stanley e Marcos Teixeira celebra a amizade verdadeira com Clareou a Firma. Após passar por um luto, Stanley teve um importante apoio durante o momento que o fez valorizar a importância dos seus amigos. “A minha música trata da amizade e do que realmente é você ser o amigo de alguém”, revela.
Com um inovador baião que referencia os Campos Gerais do Paraná, Alisson Camargo homenageia sua terra com Monge João. “Eu queria trabalhar com ritmos brasileiros e identificar a população camponesa”, diz. O veterano com outras cinco apresentações no FUC conta a narrativa da Guerra do Contestado em sua composição, unindo duas áreas de paixão da própria vida: a música e a história. A letra repleta de referências é um protesto contra a opressão às pessoas pobres que deram origem à cultura da região. “Muito paranaense ainda não conhece a fundo sobre o próprio estado e suas origens, e é um fato histórico que precisa ser visto”, conclui.
Dotado de carisma e consciência social, Guile faz uma análise dos tempos atuais na música Bilionários. A composição descreve a precarização do mundo com extração dos recursos naturais para o enriquecimento de uma minoria às custas do meio ambiente. “É uma sensação catastrófica, e a inspiração veio pelo momento em que estamos vivendo uma situação crítica”, narra. Para Guile, o FUC oferece a oportunidade das pessoas apresentarem as próprias composições para um grande público. “É uma honra, só de estar aqui e ter sido selecionado dentre as mais de 40 músicas inscritas já é uma grande vitória”, celebra.
As apresentações da noite finalizam com uma música com reflexões de amor: Gegê Félix interpretou a canção Retrato, composta por sua parceira Renata Florisbelo. Gegê conta que tudo pode virar música, desde as mais cotidianas atividades da nossa vida, e exemplifica com a própria canção que canta, pois surgiu de uma simples foto. “A arte salva o mundo e as pessoas”, analisa.
50 Tons de Pretas
Com um estilo tipicamente brasileiro e repleto de representatividade, a dupla com mais de sete anos de atividade, composta pelas artistas negras da banda 50 Tons de Pretas, fez o show de encerramento do 36º FUC. A apresentação mescla ritmos da música nacional à cultura e música afro e traz as vozes marcantes e aguçadas das vocalistas, refletindo as vivências de ambas nos timbres. Ao buscarem a reparação histórica de um gênero que foi embranquecido com o passar do tempo, as duas balançaram os ânimos da plateia com muito rock preto e letras reflexivas sobre o racismo nas vivências das artistas.