Por Juliane Goltz
Após vários live-actions dos estúdios Disney fracassarem, o filme “A Pequena Sereia” lançado esse ano aparenta estar em um meio termo nem tão incrível e nem tão ruim.
As cenas que se passam no fundo do mar são muitas vezes escuras demais, sendo por vezes quase impossível enxergar o que está acontecendo, e acabam não mostrando toda a beleza e encanto que as profundezas do oceano passavam na animação original. Talvez se tivesse cores mais vibrantes, o filme despertaria maior encantamento.
Um dos pontos positivos é a escalação dos atores. Interpretando Ariel, Halle Bailey consegue passar a inocência e curiosidade da sereia perfeitamente. É divertido ver que a dubladora e cantora Jodi Benson, que deu voz à Ariel “original”, volta no filme atual interpretando uma feirante que contracena com Bailey. Detalhe interessante: ela entrega um garfo a Bailey como se significasse que agora é a vez dela de ser uma sereia Disney. Por outro lado, a Úrsula interpretada por Melissa McCarthy, apesar de ser uma boa escolha, não conseguiu trazer o pavor e mistério marcantes da vilã do longa de 1989.
Quanto aos animais, é difícil retratar em um live-action seres com sentimentos e expressões humanas. Falta naturalidade, como no caso do personagem Linguado, que acaba perdendo toda a fofura e beleza. No quesito dublagem, Sebastião, na percepção de muitos, era um caranguejo cansado de correr atrás das filhas do rei Tritão. A voz do atual servo do rei passa uma impressão jovial, com disposição para procurar Ariel, e que acaba destoando do cenário tradicional.
De forma geral, as novas sequências não aprofundam a história, falhando em trazer significados à história. Porém, o final da película traz uma mudança importante, reforçando o propósito das produções atuais da Disney de valorizar personagens femininas fortes, que sabem cuidar de si mesmas. O filme nos faz lembrar (ou perceber) que Ariel sempre teve curiosidade sobre a superfície e, com ou sem o príncipe Eric, ela iria fazer de tudo para viver seu sonho.