Por Manuela Roque e Yasmin Orlowski
Nos últimos dias 3 e 4, a escola de dança Elevée estreou seu primeiro espetáculo no palco do Cine Teatro Ópera. Intitulado “Poemas e Canções”, a apresentação trouxe como tema o poder das palavras que formam poesias e o acalento das composições musicais para falar sobre como a junção de letra e melodia é capaz de despertar os mais variados sentimentos no espectador.
Com coreografias nas modalidades de ballet clássico, contemporâneo, jazz e sapateado, o espetáculo foi dividido em três atos: Infância, Vida e Amor. A música popular brasileira se fez presente ao longo das apresentações, com repertório que englobou músicas populares brasileiras e cantigas de roda como “Se essa rua fosse minha”, “Alecrim Dourado”, “Pirulito que Bate-Bate” e “Peixe Vivo”. Para a realização das apresentações em segurança, os bailarinos se apresentaram de máscara, seguindo os protocolos sanitários da Prefeitura Municipal em razão da pandemia.
A abertura do espetáculo foi feita pelo grupo de performance da escola, que une canto, dança e teatro e encenou o musical O Rei do Show (2017) para o público. As apresentações de três músicas do filme – “Never Enough”, “This is Me” e “From Now On” – cantadas em português, puderam ser realizadas sem máscara após todos os artistas serem testados contra a Covid-19.
Com o término da abertura, o espetáculo teve início com o primeiro ato, a “Infância”, recheado de performances dos grupos infantis. Os atos “Vida” e “Amor” tiveram como diferencial, respectivamente, apresentações de contemporâneo e sapateado, bem como coreografias focadas no ballet clássico. “Poemas e canções” encerrou com a formatura das bailarinas da escola Elevée, Alicia Ferri e Safira D’Haese. Além de um dueto criado especialmente para as formandas ao som de um piano ao vivo, ambas receberam homenagens de professoras, colegas e familiares e puderam acompanhar um vídeo com os melhores momentos de suas trajetórias no ballet.
De acordo com Safira D’Haese, o processo de adaptação da prática do ballet à pandemia foi uma dificuldade inesperada. “A gente não conhecia a dança dessa forma. A gente nunca achou que ia conseguir fazer uma aula online de dança, era uma ideia impossível no começo, mas foi uma forma da gente continuar se movimentando. E foi muito bom continuar na pandemia, porque foi uma forma de manter a gente conectados, a gente fazia brincadeiras, entramos nas trends das redes sociais com toda a turma, e foi uma forma de continuar a ter esperança que um dia íamos voltar a ensaiar e apresentar juntos”, relata.
Já para Alicia Ferri, um dos maiores desafios da pandemia foi manter a concentração e a disciplina enquanto estava afastada do espaço da sala de ballet. “Tivemos que fazer aulas online, em um espaço limitado dentro de casa que nos impedia de fazer vários exercícios, foi muito difícil se manter motivada e firme, teve tempos em que estava bem desanimada, até porque não tínhamos nenhuma apresentação que poderíamos fazer”, diz.
Para Safira, O momento da formatura no espetáculo foi realizador, uma vez que a bailarina se formou com sua colega Alicia efetivamente em 2020, mas por conta da pandemia, não foi possível fazer uma cerimônia oficial. “Eu achei que eu ia demorar muito para subir no palco de novo, e finalmente estar ali de volta, olhar para as pessoas, para o público, e poder fazer o que eu amo no palco é simplesmente inexplicável. Então foi muito bom ter a minha jornada reconhecida, pois a dança me ajuda a enfrentar minha rotina e continuar em frente. É um espaço em que eu vou para dançar e extravasar e sempre fará parte da minha vida”, afirma.
Na visão de Alicia, o retorno aos palcos atrelado à formatura foi um dos momentos mais emocionantes de sua trajetória na dança. “Foi sensacional, sensação de voltar pra casa, muito feliz! Apesar de todas as limitações que a pandemia trouxe, conseguimos continuar fazendo as aulas, então foi muito gratificante e emocionante. Esse foi um encerramento de ciclo em que mais do que tudo pudemos ver o quanto fomos perseverantes para chegar ali”, finaliza.
Larissa Lemos, uma das diretoras da escola Elevée, define o espetáculo como uma forma de amor. “Eu acho que a gente colocou amor em tudo de forma singela. Por ter sido o primeiro espetáculo da nossa escola, em meio a toda essa turbulência da pandemia, a gente colocou muito nosso coração nas escolhas”, relata. Segundo ela, a ideia era fazer algo que trouxesse acalento emocional para o público que estava voltando a ser plateia.
Para Phayga Gruber, uma das diretoras da escola, a felicidade de voltar presencialmente aos palcos após quase dois anos de paralisação das atividades pôde ser refletida no palco pelos bailarinos. “Foi bem emocionante porque ninguém mais está aguentando esse cenário pandêmico de ficar o tempo todo atrás das telas e de consumir arte atrás das telas. E o nosso estilo de arte, a dança, é muito difícil ser consumida via vídeo, então acho que o sentimento final é de gratidão de poder voltar a pisar no palco”.
O evento aconteceu respeitando todas as orientações de prevenção contra a Covid-19. O uso de máscaras e a intervalos entre cadeiras foi obrigatório para todos, a fim de manter o distanciamento social. A direção e produção é assinada por Larissa Lemos e Phayga Gruber. Os figurinos são de Junior Mendes e a iluminação de Bya Paixão.
Filme
Além do espetáculo “Poemas e canções”, a escola de dança Elevée lança, em 30 de janeiro, o filme “Contratempo”. A partir da ideia central de uma situação inesperada ser capaz de mudar os rumos do cotidiano, a escola produziu durante o ano de 2020 um longa temático sobre a pandemia da Covid-19.
Inspirado pela experiência do isolamento social e o impacto físico, mental e psicológico dessa mudança de rotina, o projeto conta, através da dança, histórias sobre este período turbulento com um recorte regional. O trailer da produção já está disponível nas redes sociais da escola Elevée.