O 7º Colóquio Mulher e Sociedade apresentou atividades durante os dias 28, 29 e 30 de junho. Na última quarta-feira, 30, uma conversa sobre políticas de inclusão e marginalidade na comunidade LGBTQIA+ fechou o ciclo de atividades desta edição do evento. Com o apoio da Pré-Parada LGBTQIA+ dos Campos Gerais, o colóquio trouxe a pesquisadora Bruna Iara e o jornalista Nilson de Paula Júnior, integrantes da organização da parada, para contribuírem com a conversa. A atividade foi mediada pela acadêmica do segundo ano de Jornalismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Catharina Iavorski.
Bruna foi a primeira a falar, destacando a temática da noite como bastante pertinente e popular na agenda LGBTQIA+ atual, além de parabenizar a organização do evento. “É muito especial poder contribuir um pouco com esses ricos debates que têm acontecido nesse evento tão importante”, diz. De acordo com pesquisa realizada por ela, são perceptíveis dois eixos por meio dos quais se trabalha a inclusão: ações de empresas privadas e políticas sociais.
Desde 1996, as políticas de inclusão se tornaram um tópico de discussão. De um lado, o movimento LGBTQIA+ passou a reivindicar visibilidade e conquistar espaço na agenda do Estado; por outro, o Brasil tentava se inserir nas agendas de outros países. Neste contexto, a temática de inclusão emerge como uma das demandas internacionais. “A inclusão entendida como forma de acesso e permanência é desenvolvida a partir de ações que expandem o pensamento da temática”, contextualiza a pesquisadora. Dos anos 2000 em diante, ações de inclusão passam a tomar mais espaço.
No campo das ações empresariais, as políticas de inclusão se referem a algumas práticas, como vagas de empregos direcionadas à comunidade LGBTQIA+ e ações de combate à discriminação e conscientização. Ações de apoio às pautas do grupo estão se tornando cada vez mais comuns entre as empresas, que vêm sendo criticadas por seus posicionamentos, gerando discussões no meio online. Apesar disso, Bruna acredita que debater o tema é importante para desmistificar a inclusão. “Ambas as possibilidades podem reverberar em melhores condições de vida para a comunidade LGBTQIA+ por meio da visibilidade”, destaca.
Em seguida, o jornalista e mestre em Ciências Sociais Aplicadas Nilson de Paula Júnior fez sua fala sobre a marginalidade na comunidade LGBTQIA+. Júnior faz uma breve explicação sobre o conceito de marginalidade como o estado de um grupo de indivíduos que vivem à margem da sociedade; não necessariamente no sentido literal, mas também referindo-se ao afastamento social e preconceito intrínseco. Ele acrescenta outros grupos, como negros, indígenas, mulheres, idosos, gordos e deficientes físicos que, assim como a comunidade LGBTQIA+, são, em grande medida, excluídos do corpo social.
Júnior adiciona que o grupo colocado à parte da coletividade carrega consigo, além do preconceito, estigmas, cicatrizes sociais que dificultam sua convivência. “Cabe a nós, que temos algum privilégio, lutarmos por políticas públicas de maior visibilidade à comunidade LGBTQIA+”, reflete, reafirmando a importância de entender sobre o assunto e lutar por essa mudança. Para tal, a primeira tarefa é identificar nosso privilégio e compreender a importância da luta. “Tensionar não somente o estado, mas também a sociedade civil para que essas pessoas tenham presença e acesso aos bens comuns”, analisa.
O 7º Colóquio Mulher e Sociedade disponibiliza a gravação de todas as atividades no canal do YouTube do projeto de extensão ELOS, da UEPG.