No segundo dia de atividades, a 50° edição do Festival Nacional de Teatro (Fenata) apresentou cinco peças teatrais em diferentes locais da cidade. Durante a tarde da quarta-feira (09), crianças de diversas escolas foram levadas ao Teatro Marista para prestigiar a peça “O Pequeno Príncipe”, da Cia. Fluctissonante de Curitiba. De acordo com a equipe do evento, foram 450 alunos e professores convidados, além das 50 pessoas do público geral no mezanino do local. Em meio à agitação do público ao desligar as luzes, os atores entraram no palco.
A peça teatral foi construída a partir do livro homônimo de Antoine de Saint-Exupéry, publicado em 1943. Nesta adaptação, alguns elementos da conhecida história foram atualizados: a raposa é vegetariana, a rosa não é submissa e o personagem principal é surdo. Durante todo o espetáculo, o elenco atua de maneira bilíngue – em português e na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A narrativa segue a história do livro, com a aviadora encontrando o pequeno príncipe no deserto após a queda de seu avião. Ao decorrer do tempo, o príncipe conta à nova amiga sobre suas aventuras em outros planetas. A interação com o público foi um elemento principal da peça. Enquanto no começo havia curiosidade do público infantil em entender o porquê dos gestos usados em cena, ao final, todos aplaudiram em Libras, levantando e balançando as mãos.
Após a apresentação, os três atores do elenco e o diretor subiram ao palco para conversar com o público. Nautilio Portela, responsável pelo texto e direção, contou um pouco sobre o surgimento da companhia teatral. “Foi criada pensando na apresentação bilíngue: em português e Libras”, afirma Portela. Visando a inclusão social e a representatividade, todas as peças da companhia são traduzidas e interpretadas em libras. “A luz, sonoplastia, texto… Tudo é pensado para atingir o objetivo de contemplar todos os públicos, pois todos merecem o mesmo tratamento, de igual para igual”, finaliza.
Catharine Moreira, atriz do Pequeno Príncipe na peça, afirma que o teatro bilíngue é um instrumento que influencia a inclusão do público em todos os setores, além de garantir a acessibilidade para que possam assistir as peças com maior conforto, sem ter de tentar prestar atenção na atuação e na tradução em libras, que usualmente acontece fora do espaço principal do palco. O elenco e equipe finalizaram reafirmando a importância de acessibilizar o teatro e outros setores artísticos a todos os públicos. “A arte pode mudar a sociedade”, declara a atriz Helena de Jorge Portela.