Imagem por: Ingrid MullerUma vez, me perdi.
e por um tempo acreditei que não voltaria.
Mas descobri,
quem se perde de si
às vezes só está tentando voltar
por um caminho com mais poesia.
Hoje eu sei:
fui feita para cidades de alma calma,
onde o silêncio do mar conversa comigo.
Gosto do anônimo, do instante que me dissolve,
do vento que atravessa sem me reconhecer.
Aprendi a estar só, às vezes.
A fazer silêncio, companhia.
Há dias em que o mundo pesa,
mas a poesia me salva,
palavra por palavra,
como quem costura o próprio coração.
Não gosto que me chamem de intensa,
mas talvez eu seja mesmo.
Um incêndio tentando aprender a ser brisa.
Não sei viver pela metade, eu mergulho.
Sinto até o fundo, mesmo quando dói,
mesmo quando o fundo me olha de volta
e me reconhece.
Viver, para mim, é sentir.
É o frio daquela cachoeira batendo na pele,
é o amor que parece rasgar,
mas ensina a nascer de novo.
é entender que sentir é existir.
E que nada que é verdadeiro vem sem arrepio.
Às vezes a dor vem sem nome,
mas sem de onde ela vem.
Vem da menina que aprendeu a ser sozinha.
A que sorria para não chorar,
a que esperava por algo que nunca chegou.
E ainda sim, olha só…
Ela cresceu.
E que orgulho é poder olhar para ela hoje.
Fez da dor, resistência.
Do choro, um rio.
E da força, muita coragem.
Hoje eu sou o que restou e o que recomeça.
Sou verso em carne viva,
sou travessia em constante escrita.
Sou o livro que aprendeu a se escrever sozinha,
e, mesmo sem final,
segue sendo poesia.