Por Cultura Plural
Por Fabrício Zvir
No final de outubro de 2024, a produtora de jogos ponta-grossense Sanplus Game Studio, liberou a demo – versão de demonstração – do jogo Heart Dungeon. Disponível na Steam gratuitamente e ainda sem data de lançamento oficial, a produção é financiada pela Prefeitura de Ponta Grossa e o Ministério da Cultura por meio da lei de incentivo à cultura, conhecida como Lei Paulo Gustavo.
Por óbvio. toda a produção deve ser julgada como um teste, até porque é assim que é apresentada. Todas as críticas relacionadas à obra são feitas a partir do questionamento “O que é justo esperar de uma demonstração do jogo?”. Além disso, baseia-se na experiência de um jogador com controle de console, assim como indicado no jogo.
De acordo com a sinopse do jogo, Léo – personagem principal – é um garoto imaginativo que gosta de jogar videogame. Certo dia ele ganha um novo jogo de sua mãe e se vê imerso nele, sendo transportado para dentro do seu console. No entanto, em nenhum momento durante as partidas é citada esta história, e de modo geral, o jogador é levado somente para a interface onde ocorre todo o jogo, o que dificulta o entendimento da proposta e a história do garoto.
Crédito: Divulgação/Steam
Ainda na questão narrativa da obra, o modo como é contada é promissor e bem intuitivo, com pausas e falas dos personagens da trama. Apesar disso, na questão demo a
produção peca ao não dar um gancho suficientemente bom para fazer o jogador esperar pela versão final do jogo. Na sinopse da produção afirma-se: “Ele se depara com Enfermo, uma figura cadavérica que controla os monstros da masmorra, uma manifestação da doença com a qual sua mãe luta” – se os desenvolvedores tivessem usado esse momento, em que Léo descobre isso e se sente motivado, para encerrar a versão de demonstração poderia instigar mais os usuários a aguardar o desfecho da história na versão final do jogo.
Crédito: Divulgação/Steam
Em questões gráficas a obra utiliza no estilo 2.5D – elementos 2D em um ambiente 3D para criar uma “ilusão” de uma animação 3D. Jogos como Guilty Gear e Cat Quest III usam a mesma técnica e consegue rodar bem em computadores sem componentes sofisticados. A construção do mapa e os elementos que o compõem garantem uma imersão no que o jogo se propõe a criar, com elementos obscuros e místicos e que criam uma atmosfera sombria, que ainda assim, garante uma experiência prazerosa até mesmo para os mais novos. Também, o design de todos os personagens e ataques é criativo e bem trabalhado, o personagem principal, com uma aparência que lembra estilos de animação japonesa, entrega o que se espera de um personagem principal bem como o Gato e os demais mobs.
No quesito jogabilidade, é possível encontrar diversos entraves que comprometem uma boa experiência durante o jogo. O primeiro ponto está na programação dos mobs – criaturas do jogo, neste caso os vilões – que, nos níveis iniciais, são incapazes de atacar, sua ação se resume em andar de um lado para o outro, o que atrapalha a dinâmica do jogo. Conforme o usuário avança nos níveis, a função deles muda de uma hora para outra, e passam
a atacar. A forma brusca como é colocada esta passagem de dificuldade limita a experiência de quem joga, que nos níveis iniciais nem precisa usar a função de recarregar a stamina – energia/vida do personagem.
Crédito: Divulgação/Steam
Mesmo que haja aviso relacionado a possíveis bugs devido às condições de um jogo demo, durante o andamento do jogo esses aspectos estão bem presentes e limitam a experiência, mesmo considerando como demonstração. O jogo utiliza um sistema de matança de mobs em hordas, semelhante ao jogo Hero Siege, sendo assim, para avançar de nível, é preciso matar uma quantidade X de mobs. Durante uma destas fases, um deles saiu do mapa de alcance de Leo e, devido aos erros já citados, ele vagava no mapa sem qualquer propósito, sendo necessária a reinicialização do jogo e a perda de todo o avanço, pois era impossível matar o mob.
Além disso, outro fator foi o modo como o ataque básico de Léo funciona: a espada tem dano em uma área de um determinado raio, pois gira em 360 graus. A questão é que muitas vezes esta determinada área não condiz com a animação do jogo, e o ataque simplesmente não conta e engana quem joga, sendo necessário repetir o golpe ainda mais próximo do mob.
Apesar dos bugs e erros narrativos, a criação do jogo parte de uma proposta muito nobre e com o intuito de entregar um jogo divertido, com uma boa mensagem e feito para todas as idades. Heart Dungeon expande o cenário de criação de games em Ponta Grossa e
coloca o município em um novo mercado. Com os devidos ajustes na versão final do game, a experiência pode ser ainda mais intrigante para os usuários ponta-grossenses e de todas as partes do mundo, com uma produção que surpreende em quesitos gráficos e personagens cativantes.