Por Cultura Plural
Por Lorena Rocha
Nas noites de 19 e 20 de maio, Ponta Grossa realizou a 25ª edição da Conferência Municipal de Cultura, sediada no Centro de Cultura. O evento, aberto a toda comunidade, reuniu agentes culturais, com o principal intuito de debater propostas de ações democráticas voltadas à valorização, inclusão e aproximação da população com as diversas manifestações culturais da cidade e, a partir disso, a eleição para novos conselheiros para representar grupos culturais ponta-grossenses.
A abertura das duas noites ficou por conta da apresentação da Escola de Samba Cidade Império de Olarias, campeã do Carnaval de Ponta Grossa em 2025, que transmitiu ao público cor, música e representatividade para o início das atividades.
Na primeira noite da programação, foram definidas as cadeiras do Conselho Municipal de Cultura e apresentado o balanço de gestão dos conselheiros. Na sequência, foram definidas as candidaturas para as diversas áreas da cultura local, classificadas em: Audiovisual, Artes Visuais, Capoeira e Dança, Carnaval, Cultura Afro, Cultura do Hip-Hop, Cultura Pop e Geek, Economia Criativa, Literatura e Teatro e Música.
Ao longo da segunda noite, aconteceram as leituras e votações das propostas previamente inscritas por meio do site oficial cultura.pontagrossa.pr.gov.br. O evento seguiu com a apresentação dos candidatos, o tempo destinado às moções e, por fim, o público presente nos dois dias do evento, pôde participar das eleições dos novos conselheiros e delegados culturais de Ponta Grossa.
Entre os primeiros temas discutidos, questões ligadas às Inteligências Artificiais na cultura, destacando desigualdades entre agentes culturais devido ao acesso de tais tecnologias por grandes instituições, precarizando e descaracterizando identidades culturais e os trabalhos de artistas independentes. O Coletivo Araucária, por exemplo, destacou os valores de uma cultura viva e não plastificada.
A estudante de Artes Visuais da UEPG e recém-eleita conselheira de Artes Visuais Ketlyn Moacy diz que “não existiria vida sem a arte”. Ela destaca visões promissoras para o futuro cultural da cidade como o Acervo Municipal de Obras de Arte de Ponta Grossa, inaugurado em 2023.
Outras propostas apresentadas incluíram a criação de uma Feira do Artesanato aos domingos, integrando iniciativas como a Casa do Artesão, a Feira do Ponto Azul, o Varal das Minas e a Feira da Estação Arte, com espaço para praça de alimentação e atividades artísticas. Também foi sugerido um aplicativo que disponibilize as ações culturais que envolvam as feiras de artesanato e, em síntese, um edital para a integração de artesãos em grandes eventos da cidade.
Artesã e conselheira da Economia Criativa, Rosângela Santos Leffler reforça a importância do artesanato: “Creio que o artesanato é uma cultura muito bonita, é linda. Digo que o artesão realiza sonhos.”
Herom Guilherme Galvão, artesão, erveiro e conselheiro da Cultura do Hip-Hop, atua no movimento de batalhas de rima da cidade. Ele observa um grande avanço da Cultura do Hip-Hop na cidade após a criação do Movimento Conceição de Ponta Grossa, que reúne slam, rimas e poesia: “É uma grande satisfação estar vendo a cultura progredir tanto a partir de um grupo organizado majoritariamente por mulheres e pessoas LGBTQIA+”.
Conselheira de Literatura, Renata Reges Florisbelo pensa a ideia de cultura a partir das aldeias culturais em que cada indivíduo pertence a uma identidade. “À medida que a gente valoriza e fomenta a nossa arte, a gente está reforçando a identidade, como se fosse um tempero, o mundo é um grande caldeirão e é aqui nos Campos Gerais que temos nossa própria identidade.”
A 25ª edição da Conferência Municipal de Cultura reforça a necessidade da materialização das propostas discutidas, a valorização das identidades locais de Ponta Grossa, no acesso dessas manifestações culturais a espaços públicos, na visibilidade dos artistas e grupos independentes e no fortalecimento dos direitos da Cultura.