Por João Elter Borges Miranda
Há mais de um ano, cerca de vinte mil pessoas se reuniam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). Professores, e outras categorias, reivindicavam o direito de acompanhar a sessão plenária da ALEP, onde seria votado o projeto de lei que alterou o fundo previdenciário. Em resposta, o insano e tirânico governador Beto Richa (PSDB) e o seu então secretário de segurança Fernando Franscichini jogaram, em pleno estado democrático de direito, os policiais da tropa de choque para cima dos manifestantes, massacrando-os com balas de borrachas, sprays de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo. Ao final, o sangue dessas pessoas estava na praça de Curitiba, diante da “casa do povo”.
O Massacre de 29 de abril de 2015 foi, assim, um dia mais do que fatídico que transcende o horror e que deixou marcas profundas em corpos e almas. Não bastava os professores e servidores terem que trabalhar em instituições em decomposição, serem xingados por pais e alunos, receberem um salário indecente, nesse dia os PMs, cujos filhos possivelmente são ensinados por aqueles mesmos educadores, tinham autorização para atirar contra estes, tinham autorização do governo do estado para massacrar, sufocar, ferir esses trabalhadores. Além de sentir nojo de Richa, o meu estômago se revira ao pensar que havia deputados dentro da ALEP teatralizando normalidade e rifando direitos, enquanto ouviam o som de bombas, tiros e gritos. Essa gente deveria, no mínimo, ter vergonha de existir.
Infelizmente, 29 de abril é um dia que ainda não terminou. A lista de desserviços é enorme. Em março deste ano a Justiça Militar do Paraná arquivou a denúncia oferecida pelo Ministério Público (MP-PR), a qual indiciou os comandantes da operação por uso abusivo de força e lesão corporal. O arquivamento se deu sob a justificativa de que os agentes policiais atuaram no cumprimento de seu dever e que não houve indícios de que eles começaram o ataque. Concordando com a APP-Sindicato, isso é uma ofensa. Além desse insulto, a educação segue abandonada, sob intensos ataques de Richa e sua corja, os quais continuam descumprindo direitos dos servidores e professores, como o calote nos pagamentos de promoções e progressões previstas em lei; ameaçam colocar em risco a aposentadoria dos futuros professores e atuais servidores, através de um projeto de previdência complementar, por fundo privado; diminuíram o orçamento de escolas e universidades, nestas os cortes atingiram quase 50%, comprometendo drasticamente o seu funcionamento; entre tantos outros ataques contra o povo.
Por isso e por muito mais, para sempre 29 de abril será dia de luto e de luta. Ficará gravado na memória nacional e no corpo dos feridos como a data em que um governador ilegítimo e terrorista, com uma violência e truculência de fazer inveja aos ditadores mais sanguinários, violentou os seus trabalhadores em praça pública. Beto Richa será lembrado como aquele que durante todo o seu mandato desferiu inúmeros golpes contra a democracia, contra o povo, contra o país; será lembrado como o governador assassino que tentou enterrar professores.
Não desistiremos da luta. Continuaremos ocupando inúmeros espaços para lembrar a dor que sentimos ao sermos atacados pelos policiais no dia 29 de abril de 2015. Continuaremos nos reunindo para manifestar a indignação referente ao assassinato da educação paranaense perpetrado por Richa. Continuaremos juntos para, acima de tudo, deixar claro que nunca recuaremos perante os decretos de extermínio de direitos desse governador. Ele tentou nos enterrar, mas não sabia que éramos sementes.