Por Vinicius Biazotti
Orgulhosamente, Ponta Grossa tem uma representante forte no setor musical ao longo da sua história. A Banda Lyra dos Campos – que completou, em 22 de novembro, 63 anos – traz uma bagagem cheia de histórias para contar.
Hélio Copata, 58, é atualmente o administrador da Escola Lyra. O músico ingressou na Banda Lyra com 13 anos, em 1971. Foi aluno do renomado Maestro Paulino, que foi um dos idealizadores e criadores do projeto Banda Escola Lyra dos Campos. “Um pouco que eu conheço de música eu devo a ele”, relata Hélio.
Desde criança, Hélio nunca deixou a banda. São 45 anos de dedicação a um projeto que escreveu boa parte de sua história. Durante sua trajetória, já tocou saxofone, oboé e outros instrumentos. Há 35 anos, Hélio assumiu a administração da banda e continua na função até hoje.
Anteriormente faltava estrutura e instrumentos para a banda. Porém, hoje, Hélio avalia que a situação está melhor do que em outros tempos. O administrador conta que a escola já passou por várias sedes, entre elas, Oscar Pereira, Cine Teatro Ópera, prédio da Prefeitura Municipal, entre outras. Porém, hoje a escola está bem estabelecida no Conservatório de Música Maestro Paulino.
“A banda é muito importante, porque hoje em dia as bandas de música estão desaparecendo, então para Ponta Grossa é um patrimônio”, observa Hélio, referindo-se à importância da banda para a cidade.
O atual maestro da banda, Juliano Amaral, também integra a história da Lyra. O músico está na banda desde os 13 anos. “É um patrimônio por sempre estar presente nas atividades e eventos importantes no município. Realizamos concertos apresentando sempre um repertório a fim de agradar ao público”, relata.
Segundo o maestro, a banda possui um papel importante para os jovens que fazem parte do projeto. A Lyra dos Campos já foi responsável pela conquista profissional na carreira de muitos músicos.
Juliano lembra que grande parte dos jovens que ingressam no projeto continua na área da música. Hoje há músicos em bandas do exército, maestros e demais áreas da música. “A banda tem a função de, além de ensinar música, ajudar jovens que nem sempre tem oportunidade de acesso por outros meios. Os jovens aqui recebem muito incentivo”, diz o maestro.
O coordenador da Escola, Francismar de Oliveira, 36, também é um exemplo de história na banda. Francismar entrou na banda com 9 anos e hoje é o coordenador do projeto. “Além de crescer como pessoas, você cresce socialmente e culturalmente. Eu devo muito à banda. Tudo o que eu sei e aprendi sobre música foi pela banda”, revela o músico.
Francismar conta que antigamente a banda era regida por militares. Por isso o interesse de muitos em entrar nas bandas oficiais do exército.
Ele diz também que hoje há o ingresso de muitas meninas, o que não acontecia anteriormente. Segundo ele, isso dá mais visibilidade e diversificação à banda. “Os alunos entram aqui pela paixão pela música”, finaliza.
Ensino da música prevalece na Banda Lyra
A Banda Lyra dos Campos é formada pelos alunos da Escola Lyra de Música e demais integrantes. Cerca de 45 músicos, de idades entre 10 e 30 anos, participam da Banda. Já a Escola Lyra possui cerca de 20 alunos, que também integram a Banda.
Coordenador da escola, Francismar de Oliveira diz que o objetivo primordial da escola é formar alunos para participar da banda. Testes seletivos são realizados todos os anos. Uma lista de espera é realizada para cada categoria de instrumento. Quando aberta uma vaga para o instrumento, o aluno é chamado. Posteriormente é realizado um teste de aptidão para saber se o aluno pode integrar a escola.
Os alunos integrantes da escola recebem bolsa auxilio da Prefeitura Municipal para se dedicarem ao curso. A idade mínima para entrar na escola é de 9 anos e para permanecer como aluno é até os 18 anos.
O curso conta com sete professores que ensinam clarinete, flauta, trombone, sax, trompete, percussão e as aulas teóricas que integram a pedagogia do curso. Os alunos aprendem a tocar músicas de jazz, música clássica, temas de filmes e demais estilos. As atividades da banda ocorrem durante toda a semana. Há os ensaios de naipes que ocorrem em dias aleatórios e o ensaio geral da banda que ocorre todos os dias.
Giovane Dias, 15, é um novo aluno da Escola Lyra e está aprendendo a tocar sax tenor. Ele começou a tocar sozinho e, quando abriu uma oportunidade de vaga na Escola, Giovane começou a aprimorar suas aptidões.
“Eu ainda quero me aprofundar no violão e no baixo”, conta Giovane, referindo-se ao que quer aprender ao longo dos anos que pretende passar dentro da escola. Depois que terminar seu período na Banda Lyra dos Campos, Giovane pretende entrar em bandas oficiais do exército, aeronáutica ou marinha.
Giovane tem orgulho de participar de banda e relata sua paixão pela música. “Aqui você conhece bastante gente e adquire muito conhecimento”.
Uma vida dedicada à música
Anos de dedicação foram necessários para tornar-se maestro da Banda Lyra dos Campos, conceituada como uma das maiores bandas da cidade de Ponta Grossa. Logo cedo, aos 13 anos, Juliano do Amaral ingressou na Escola Lyra como aluno.
O músico cresceu junto com a Banda Lyra. São 20 anos que Juliano dedica-se a integrar o projeto. Envolve-se com música desde os nove anos. Por influência familiar do pai que já tocava em uma banda, o jovem ingressou primeiramente em aulas de teclado.
A paixão pela música moveu o atual maestro a participar do projeto, onde aprendeu a tocar trombone de vara. Além disso, passou pelos instrumentos saxofone e bombardino durante sua trajetória na banda.
Juliano deve a sua formação pessoal à trajetória na banda. “A gente aprende muita coisa além de música, se desenvolve como pessoa e também como cidadão”, observa.
Juliano ficou como aluno até 2006, depois disso, começou a dar aula para as primeiras turmas. Em 2009 o maestro iniciou o seu atual posto. O regente lembra que foi um acontecimento casual. Juliano começou a ser contra mestre do antigo maestro Wilson Farago, que teve que sair da banda, abrindo a oportunidade de assumir o papel que realiza até hoje.
Então Juliano começou a estudar e conhecer mais sobre regência, porque até então só tinha conhecimentos básicos sobre teoria musical e instrumentos. Tudo o que aprendeu e a “formação” foi dentro da participação na Banda. Ele deixa evidente a paixão pela sua profissão e pela escola. E admite que a sua vida foi construída junto da Banda Lyra Dos Campos.