Por Nilson de Paula
Em uma tarde de sábado, com um maço de flores e o rosário nas mãos, chegam à igreja as senhoras Legionárias do Praesidium Nossa Senhora de Lourdes, da Capela Divina Pastora. – Salve Maria! É o cumprimento das fiéis, que vem acompanhado de um abraço caloroso.
A presidente, Rosicléia Andreato, chega à pequena sala humilde do interior da capela, e começa arrumar o altar, que somente pode ter flores naturais colhidas na hora, para o início da reunião.
São acendidas as duas velas que ficam aos pés da imagem de Maria, e elas dão início das orações da “Catena” que é uma cartilha de orações da Legião de Maria, e as 50 Aves-marias intercaladas por 5 Pai-nossos (orações do Terço, símbolo da religião católica)
— É a virgem a Mãe Legionária, é Maria, a rainha dos céus, que nos faz ser a luz missionária! É a canção que ecoa pela sala da igreja na voz das legionárias.
Depois das orações, as senhoras começam a relatar seus trabalhos, que sempre são de auxílio às pessoas necessitadas e prática de orações: “Nós fazemos visitas para os doentes, visitas de pêsames e temos estas reuniões todas as semanas”, conta a Vice-Presidente Maria Rodrigues, que participa da Legião de Maria há 8 anos.
Depois do Relatório de trabalhos filantrópicos e orações da semana, que são anotados pela secretária, começa o debate do texto da semana do ‘Manual Oficial da Legião de Maria’ que define como a Legião deve estar à disposição da igreja, e sua realização de Serviços Sociais, por exemplo os trabalhos que a Legião desenvolve com a comunidade. Por fim são passadas as tarefas que as Legionárias devem realizar durante a semana junto com a comunidade.
A presidente do Paresidium, Rosicléia, conta como são feitos os trabalhos na comunidade: “A legião faz trabalho formiguinha, faz trabalhos quietinhos. Fazemos trabalhos que nem os padres e os párocos imaginam. Levantamos famílias e damos apoio moral. Fazemos coisas que nem a própria família faz”, finaliza.
A origem e as marcas da Legião de Maria em Ponta Grossa
O primeiro Praesidium da Legião de Maria em Ponta Grossa surgiu há 62 anos na Igreja Nossa Senhora do Rosário, uma das igrejas mais antigas da cidade. Mas a história mundial da Legião de Maria é mais antiga, ela nasceu há 98 anos, em Dublin, na Irlanda, fundada por Frank Duff, cuja morte fez 35 anos em novembro. Já no Brasil, a Legião de Maria teve seus primeiros adeptos no Rio de Janeiro, em 1951.
Na região dos campos Gerais existe um dos maiores órgãos da Legião de Maria no Brasil, que é o Senatus. No país existe somente nove Senatus para coordenar a Legião.
A hierarquização da Legião tem cinco instâncias: Praesidium, Cúria, Comitium, Régia e Senatus.
Praesidium é a base da Legião de Maria, pois é onde encontram-se Legionárias e os Legionários, que além de orações e reflexões sobre a Legião, desenvolvem trabalhos filantrópicos com a comunidade e realizam suas orações. A Curia é órgão que rege os Praesidiuns e o Comitium rege a Cúria. A Regia é a segunda maior instância da Legião, que fica responsável por apresentar relatórios ao Senatus, que coordenam a Legião de Maria no Brasil.
“Existem duas regias, [coordenadas pelos Senatus de Ponta Grossa] uma em Guarapuava e outra em Santa Catarina, pois o nosso Senatus abrange, Paraná e Santa Catarina”, conta a presidente do Senatus, Raquel Luciane da Cruz.
Raquel conta também que a atividade do legionário é o trabalho com a comunidade. “A legião faz visitas domiciliares para mães que acabaram de ter filhos, moradores novos e anunciando dias de missa. Trabalha direto com a comunidade”.
Segundo o site do Senatus do Rio de Janeiro, no mundo existe cerca de 3 milhões de legionários, e os países com maior concentração são Coréia do Sul, Filipinas, Brasil, Argentina e Congo.
35 anos do Praesidium Nossa Senhora de Lourdes
O praesidium Nossa Senhora de Lurdes surgiu em 1980 na Capela Divina Pastora. No início o grupo era formado por 7 pessoas. “Quando meu irmão faleceu elas foram fazer visita para mim, até então não era legionária, aí eles me convidaram” conta Maria Piazetto que é uma das mais antigas.
Mesmo quando a Capela Divina Pastora passou por um destelhamento, na década de 80, a Legião de Maria não interrompeu suas reuniões, nem seus trabalhos desenvolvidos com a comunidade.
Em uma sala humilde, todos os sábados, o Praesidium se reúne para fazer as orações e relatar suas experiências com os trabalhos da semana. Tem-se como costume em todas as reuniões rezar pelas Legionárias que faleceram, pois as atuais lembram-se com melancolia das colegas que ajudaram a levantar e manter o grupo.
“Foi um pouco difícil entrar a Legião, mas tive vários convites, e depois que perdi meu filho entrei na legião e não sai mais” conta a vice-presidente do Praesidium, Maria Rodrigues.
O grupo também é reponsável por auxiliar nas atividades da Capela Divina Pastora e na produção e venda dos famosos pastéis e bolos das Festas da Padroeira.
“Elas [as legionárias] nos ajudam nas festas, rifas, na limpeza e em tudo que se refere na Capela, materialmente, e também espiritualmente” conta a Coordenadora da Capela Divina Pastora, Regiane Guardezzi.