A abertura oficial do 45º Festival Nacional de Teatro (FENATA) acontece hoje às 20h no Cine Teatro Pax com a peça “A Moratória” de Jorge Andrade e adaptação de Rafael Pedretti. Completando 44 anos de história, a 45º edição do festival conta com 206 apresentações teatrais, desde o espetáculo de lançamento “Mazzaropi – Um CertoSonhador”, que aconteceu em setembro, até o último espetáculo, que deve ocorrer no dia 16 de novembro. As apresentações são divididas nas categorias: Mostra Adulto, Mostra Especial, Infantil/Bonecos, Sessão Teatro Telmo Faria e Teatro de Rua. As peças ocorrem no Cine Teatro Pax, Cine Teatro Ópera, Auditório da Reitoria e espaços públicos como ruas e praças da cidade.
Criado em 1973 pelo reitor Álvaro Augusto da Cunha Rocha, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o evento nasce como Festival Nacional de Teatro Amador e em 2002 perde a característica de amadorismo para ficar conhecido somente como Festival Nacional de Teatro.
Considerado um dos festivais mais antigos do país, em sua categoria premiativa, o festival é um marco de resistência em Ponta Grossa por ter resistido ao período da ditadura militar, onde não parou suas atividades mesmo com a presença da censura. Alguns movimentos como o surgimento de Grupos de Teatro na cidade, além do Grupo de Teatro Universitário (GTU), comandado pelo teatrólogo Telmo Faria (José de Faria Moritz), e a participação de alguns nomes importantes no cenário das artes cênicas do país também marcaram o festival.
A peça que deu origem ao festival em 1973 marca a abertura desta edição premiativa do evento. Heloísa Pereira, proprietária do Centro de Estudos Cênicos Integrados (CECI), relata que foi procurada pela organização do Fenata para a montagem do espetáculo. A partir disso foi criado o grupo do CPECI (Centro de Pesquisa dos Estudos Cênicos Integrados) com produção da Heloísa e do diretor de teatro, Rafael Pedretti.
Wilton Paz, diretor cultural da Divisão de Assuntos Culturais da Pró-Reitoria de Assuntos Culturais (PROEX), explica que a programação desta edição tem como novidade a sessão “Teatro Telmo Faria”, que tem como objetivo prestar homenagem ao teatrólogo. “Alguns estão chamando de “Festival da Diversidade”, mas na essência, organizamos um Festival que, desde as inscrições recebidas até o processo de curadoria, tratou da diversidade de temas, expressões e orientações sociais oferecidos pelos grupos através de seus espetáculos. Do drama à comédia, da religião à sexualidade, da violência ao preconceito, o resultado final fará o público refletir sobre o mundo em que vive”.
O diretor evidenciou ainda a dificuldade de verbas e apoio estrutural na realização do festival. “Tivemos e estamos com várias dificuldades de financiamento do Festival, bem como a falta de apoio e infraestrutura necessária para realização do Fenata pela Prefeitura, que está de mãos amarradas com a falta de pessoal e mão-de-obra no teatro Ópera, devido à proibição de pagamento de horas-extras”. O diretor relata que foi buscado financiamento dos cachês dos Grupos da Mostra Especial junto a prefeituras vizinhas, propondo levar o festival a estas cidades, mas não se obteve sucesso. “Todos querem arte, mas ainda falta a sensibilidade de entender que os artistas necessitam de pagamento por seus trabalhos”.
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A programação completa do 45º Festival Nacional de Teatro está disponível no site do evento
Memória
No Museu Campos Gerais há um trabalho de digitalização e limpeza de materiais que envolvem a memória do Festival. Henri Pereira, estagiário de história que trabalha no museu, relata que foram identificados documentos, roteiros de peças, atas, cartazes, fotografias, documentação oficial de gastos, entre outros materiais que estavam em uma sala fechada na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
O estudante relata a importância do trabalho que deve servir para a memória do Festival. “Nós começamos o trabalho por volta de novembro do ano passado, grande parte dos roteiros das peças já estão digitalizados, com imagens tratadas e PDFs criados prontos para o upload do site do projeto de digitalização. O trabalho foi bem importante, não apenas pela digitalização do material, mas também pela organização de uma memória que estava perdida em uma sala”, avalia.