Foto: Millena ZampieriNo último domingo (26), o Cinema Público de Ponta Grossa (CinePG) recebeu o espetáculo “Anatomia da Morte”, do ator e diretor Leonardo Lopes. A apresentação, promovida pela Companhia Pé na Cova, ocorreu em dois horários, às 18h e às 20h. A peça foi premiada três vezes, por Melhor Maquiagem, Melhor Atuação e Melhor Cenário no 3⁰ Festival de Teatro Prosiá.
Leonardo Lopes afirma ser um ator de método e, por ter a ideia de que a morte teria nascido em um local gelado, passou frio por escolha. “Atores de método gostam de viver situações semelhantes a personagens vivos, então busquei tanto visitar lugares, culturas, pessoas diferentes, como fazer um treinamento físico corporal que desafiasse o meu corpo”. Já a preparação mental não o levou à frieza, ele comenta que “a parte psíquica veio muito desse calor da conversa, eu pensando, tanto na terapia, quanto com outras pessoas abrindo isso, levando essa questão para amigos e familiares”.

A trilha sonora da peça foi influenciada pelo contato que o artista teve com a música popular brasileira, especialmente com as melodias do cantor Noel Rosa, que repassam uma simplicidade ao abordar temas complicados. “Eles descontam muito essa coisa da angústia, da dor e traz para esse lugar da alegria. Eu vejo que a música popular brasileira, ela está muito nesse lugar, sabe? Ela é feita de dor, de angústia, de sofrimento, mas ela ri sobre isso. Ela é animada, alegre e eu acho que isso me toca profundamente, me desperta. Quando a gente tem essa capacidade de transformar dor, sofrimento em riso e em alegria para as pessoas, de alguma maneira, é muito bom”, comenta Leonardo.
Letícia Schebelski, de 21 anos, é estudante de medicina veterinária e foi impactada pelo espetáculo, pois está acostumada a lidar com a morte. “Tem muita eutanasia em veterinária, então acho que é bom poder levar essa ideia de não necessariamente algo triste, distante e frio”. A peça é um convite à uma reflexão não tão óbvia da morte. Para o ator e diretor, “é um tema que todo mundo vai passar ou já passou alguma vez na sua vida. E eu gostaria que levassem para casa essa mensagem sobre como a morte nem sempre pode ser algo complicado, sobre como a gente pode ressignificar esse momento de dor, de dificuldade, de luto, em algo belo, em algo de lembrança, em algo de memória”.